A capital tocantinense será palco da última apresentação dos espetáculos “Pastrana” e “A visita de Chico” no Estado. Produzidos pelo coletivo Pandora (GO), as apresentações ocorrerão de forma virtual pelo canal no YouTube “Clube do Cinema” (https://youtu.be/YunYomME-hk), a partir das 20h.
Após as apresentações, ocorrerá uma edição especial da Live Pandora (https://youtu.be/EKTgZs5wUqQ) com o tema “Dia das Bruxas”, com a presença de Palmira Margarida, PhD e especialista em mitologias e feminino e História das Sensibilidades. Palmira fala sobre mulheres, seus cheiros, emoções e comportamentos e atualmente realiza pesquisas como acadêmica convidada na cidade canadense de Montreal. É empresária no ramo de perfumaria para bruxas modernas na Perfumaria Ancestral.
Em razão da pandemia, o projeto, que seria de circulação presencial, acontecerá em 13 diferentes canais virtuais de exibição em cada uma das localidades, envolvendo para isso uma rede de produtoras e produtores culturais de cada localidade, além de organizações sociais e coletivos artísticos. No Tocantins os espetáculos passaram por Taquaruçu, Natividade e Porto Nacional, antes de encerrar a turnê tocantinense em Palmas.
O coletivo Pandora foi idealizado pelas artistas goianas Radarani Oliveira, Izabela Nascente e Fernanda Pimenta. A recriação dos espetáculos para a circulação virtual contou com a correalização da Círculo Filmes, produtora audiovisual baseada no Tocantins, e da Cultivo Projetos e Soluções Criativas, com sede em Minas Gerais. As obras dialogam entre si por trazerem a figura da mulher em primeiro plano, discutindo mitos populares e feminilidade pelo lado de dentro.
“Fizemos isso como uma forma de resistência a este modo de subjetivação do feminino, apontando para o entendimento que ser mulher é também ser desajustada, engraçada, questionadora e política”, comentou Radarani, artista circense, palhaça e intérprete da Soldara, personagem protagonista em A Visita de Chico.
Pastrana
“Pastrana” é um espetáculo de lambe-lambe que se apropria da história da Monga – A Mulher Gorila, muito popular em feiras e circos Brasil afora, para sintetizar a história de Júlia Pastrana. Já “A Visita de Chico” remonta o imaginário da mulher moderna, que lida com a vida cotidiana e recebe a inesperada e apaixonante visita de Chico, quando tem que dar conta de um amor que é uma representação e da sociedade, que não aceita o corpo feminino como ele é.
A visita de Chico
“A visita de Chico” mescla circo com a história de Soldara, uma palhaça que se veste de homem para ganhar a vida como artista de circo. Ao final de cada apresentação, Soldara retorna à sua casa, emaranhada às exigências da profissão, do corpo e dos projetos de vida, contudo, com seus encantos e desajustes, segue com a pacata vida com imaginação. É quando conhece Chico e se apaixona, mas o tenro romance é acometido por uma circunstância indesejada, da qual Soldara se envergonha e foge. A trama é tecida pela aceitação, pelo desajuste e pelo ridículo enfrentamento da mulher, que precisa lidar com a natureza de seu corpo feminino em uma cultura e sociedade que não o enxergam bem.
Uma das vertentes do projeto é proporcionar o debate sobre a mulher e a produção artística, sobretudo na região centro-oeste e levando em consideração a discussão sobre as produções circenses e as produções femininas. “Esse projeto contribui para a consolidação da atuação feminina na cena goiana e agora também no cenário nacional, ampliando as discussões acerca da produção dos espetáculos circenses”, refletiu Izabela Nascente, atriz, intérprete da Pastrana e diretora de A visita de Chico.
Para Fernanda Pimenta, atriz e criadora da Palhaça Malagueta, a iniciativa favorece ações de fortalecimento e visibilidade, uma vez que coloca em destaque duas artistas goianas que retratam seu universo, seus conflitos e dificuldades impostas social e culturalmente e a necessidade de uma resistência em relação às exigências do corpo e da moral da mulher. “Há uma busca de articulação entre as mulheres artistas para que as mesmas possam se inserir no meio artístico – que seria dominado por homens – e acessar recursos para financiar seu trabalho. O financiamento de produtos culturais e as dificuldades que o envolvem são um grande desafio para muitas artistas, principalmente na produção artística circense”, destacou a atriz.(Assessoria de imprensa)
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