Um homem de 30 anos, Carlos Augusto Silva Fraga, apontado como um dos principais articuladores, de ao menos 50 crimes de homicídios, ocorridos este ano em Palmas, foi preso no início deste mês, na cidade gaúcha de Passo Fundo (RS), após compartilhamento de informações entre as Polícias Civil do Tocantins e do Rio Grande do Sul. A princípio ficou na Casa de Prisão Provisória de Palmas, mas dias depois foi transferido para a Unidade Penal Barra da Grota, em Araguaína.
No último domingo, 23, Dad Charada, como é conhecido no mundo do crime, foi encontrado morto em uma ala monitorada do presídio Barra da Grota, em Araguaína.
Segundo a Secretaria de Cidadania e Justiça (Seciju), ele ficou em isolamento durante todo o tempo que esteve no presídio e a ala onde ele estava é monitorada em tempo integral. A morte é investigada pela 2ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (2ª DHPP – Araguaína).
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins reafirmou que desde que foi recebido na Unidade Prisional Barra da Grota, o detento foi atendido com todos os cuidados voltados aos custodiados do Sistema Penal do Tocantins, respeitando os Direitos Humanos.
De acordo com o documento, embora haja evidências de que Charada tenha tirado a própria vida, o caso está sendo investigado pela 2ª DHPP – Araguaína, cuja equipe esteve no local colhendo elementos para a investigação.
Investigação Dad Charada
No âmbito da Divisão de Homicídios, Dad Charada é investigado, entre outros crimes, pelo duplo homicídio que vitimou o casal Giovanna Alessandra Ribeiro da Silva, 23 anos, e Wenesph Freitas da Silva, 30 anos, ocorrido em 13 de janeiro de 2022, em Palmas.
As investigações apontaram que Dad Charada era membro de uma pequena facção goiana, aliada a uma grande facção paulista com atuação em todo o território nacional. Neste ano de 2023, ele resolveu deixar a facção e se aliar a uma facção carioca, também com atuação em todo o país. Todas as facções atuam no contexto de tráfico de drogas.
“Ao se juntar a essa facção carioca, a ascensão de Dad Charada na estrutura hierárquica da organização criminosa acontece de forma muito rápida. De imediato ele assume o protagonismo desse movimento de tomada de território e de aumento do efetivo de pessoas ligadas a sua nova facção”, destacou o delegado adjunto da 1ª DHPP, Eduardo Menezes na última coletiva de imprensa.
O plano de tomada de território consistia em matar as lideranças da facção paulista que atuavam em Palmas, deixando os pequenos traficantes sem referência quanto à venda de drogas e em relação às ações tomadas. “Então são dois expedientes utilizados para diminuir o efetivo da facção rival: Matar as lideranças e recrutar os traficantes de menor envergadura, ocupando ainda, os setores da cidade que historicamente eram dominados pela facção rival. Daí o lema ?Ou fecha com nós ou corre de nós”, explicou o delegado.
Quantidade de Mortes
O número elevado de mortes se deve ao fato de a organização carioca ser menor que a paulista, levando em conta a associação com a facção goiana. As mortes então se davam no contexto de igualar numericamente o efetivo de faccionados. “Praticamente todo dia tinha homicídio. Muitas das vezes chegou-se a ter cinco homicídios no mesmo dia. O porquê disso? Dad Charada já havia sido membro das outras duas facções rivais, portanto, ele tinha informações privilegiadas e conhecia muito bem seus antigos parceiros de crime. As ações eram certeiras, sem margem de erro”, destacou o delegado Eduardo.
As investigações apontaram ainda que Dad Charada aproveitou essa disputa de poder para se vingar de alguns desafetos que fez enquanto fazia parte da facção paulista. “O objetivo era matar 100 rivais até o final do ano. É um cara que queria causar toda essa perturbação, assustar a população e a facção rival. Um dos planos dele era matar o traficante da facção rival, colocando uma bomba no carro dele”, informou.
O poder financeiro da facção comandada por Dad Charada foi outro ponto abordado na coletiva. “Tinha uma conta numa rede social que figurava como loja virtual destinada à venda de drogas. Deu uma visão empresarial à facção no Tocantins com grande movimentação financeira oriunda da venda de drogas”, destacou.
Prisões importantes
Todo esse fenômeno foi compreendido a partir das prisões que foram realizadas ao longo do ano. “A cada homicídio que ocorria, os inquéritos eram instaurados e o trabalho investigativo começava de imediato. Os vestígios sempre apontavam para membros dessa facção, e ao longo do ano, realizamos prisões de soldados importantes dela. As lideranças ficaram acuadas ao perceberem que as divisões especializadas da Polícia Civil chegariam neles a qualquer momento. Prova disso, é que o Dad Charada fugiu para o Rio Grande do Sul, com planos de, em breve, sair do país com destino a Portugal”, destacou a autoridade policial no dia da prisão.
Relacionado
Link para compartilhar: