Neste domingo (21), o “Impostômetro” da Associação Comercial de São Paulo revelou que os contribuintes brasileiros alcançaram a marca de R$ 2 trilhões em tributos em 2024. A arrecadação oficial apenas no mês de maio foi de quase R$ 203 bilhões. Contudo, o governo Lula (PT) enfrenta um déficit significativo de R$ 61 bilhões nas finanças públicas, o que gera preocupações sobre o impacto dessa situação no bolso dos brasileiros e na economia em geral.
Pensando nisso, o Diário Tocantinense conversou com Luiz Curado, economista e sócio fundador da CPV Asset, que explicou que o déficit indica que o governo está gastando R$ 61 bilhões a mais do que arrecada, sem considerar os juros da dívida pública, que são elevados.
“Esse descompasso é preocupante porque, assim como em uma família que precisa ajustar suas finanças quando gasta mais do que ganha, o governo também precisará encontrar uma maneira de equilibrar suas contas. Isso pode resultar em medidas que afetam diretamente a população, como aumento de impostos ou cortes em serviços públicos”, esclareceu.
A alta arrecadação de tributos em maio também possui implicações significativas no custo de vida. O professou destaca que uma arrecadação maior pode levar a um aumento nos preços, provocando a inflação. Além disso, o governo está alocando esses recursos tanto para a administração pública quanto para programas sociais. “Esse aumento nos gastos públicos contribui para a pressão inflacionária, uma vez que o crescimento do consumo pode elevar o nível de preços”, observou.
No curto prazo, o economista observa que o incremento na arrecadação e os gastos adicionais têm um efeito duplo.
“Por um lado, há um aumento no consumo das famílias, o que promove maior bem-estar social e impulsiona o PIB nacional, que tem surpreendido positivamente em 2024. No entanto, essa situação também gera pressão inflacionária, elevando as expectativas de inflação para 2024 e 2025”, afirmou.
Ele destaca que o aumento do dólar e dos juros futuros, reflexo da preocupação do mercado com a sustentabilidade das finanças públicas, é um exemplo dessa pressão.
Luiz Curado adverte que, embora o consumo das famílias esteja forte, especialmente entre as classes mais baixas, beneficiando a economia no curto prazo, a ausência de uma solução estrutural para o déficit fiscal e o aumento dos juros futuros podem tornar o crescimento econômico insustentável a longo prazo.
“A atual abordagem do governo pode estar favorecendo o curto prazo em detrimento da estabilidade econômica futura, o que pode ter consequências negativas à medida que as expectativas de inflação e o mercado financeiro ajustam suas previsões”, conclui o economista.
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