O governo brasileiro afirmou nesta segunda-feira (29), em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, que "acompanha com atenção o processo de apuração" das eleições presidenciais na Venezuela e aguarda a divulgação de informações mais detalhadas. O Itamaraty destacou o caráter pacífico da jornada eleitoral e reforçou a importância da verificação imparcial dos resultados para garantir a soberania popular.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano, presidido por um aliado do presidente Nicolás Maduro, anunciou a reeleição de Maduro com 51,2% dos votos, totalizando 5.150.092 votos. O principal opositor, Edmundo González, obteve 44% dos votos, com 4.445.978 votos. No entanto, a oposição afirma que González venceu com 70% dos votos e não reconhece o resultado oficial.
Na comunidade internacional, a votação gerou divergências. Alguns países questionam o resultado divulgado pelo CNE, enquanto outros apoiam a vitória de Maduro. A falta de consenso ressalta a complexidade da situação política venezuelana e a necessidade de uma análise cuidadosa e transparente do processo eleitoral.
Na segunda-feira (29), venezuelanos saíram às ruas para protestar contra a reeleição contestada de Nicolás Maduro. Imagens de panelaços, ruas e estações policiais incendiadas, além de manifestantes machucados e mortos, circulam em aplicativos de mensagens e nas redes sociais. Segundo a ONG Foro Penal, ao menos seis pessoas morreram, dezenas ficaram feridas e outras 132 foram presas durante os protestos.
Declarações de Celso Amorim e Posição do PT
Celso Amorim, assessor especial da Presidência da República, afirmou que o governo brasileiro continua acompanhando os acontecimentos para uma avaliação baseada em fatos. Ele enfatizou a complexidade da situação e o apoio à normalização do processo político na Venezuela, sem endossar alegações de fraude.
Em nota divulgada na noite de segunda-feira (29), a Executiva Nacional do PT classificou o processo eleitoral na Venezuela como pacífico, democrático e soberano. A legenda destacou a necessidade de diálogo entre Maduro e a oposição para resolver os problemas do país e reforçou a importância da transparência nos recursos recebidos pelo CNE. O PT reafirmou seu compromisso de vigília para contribuir na resolução dos problemas da América Latina e Caribe sem violência ou ingerência externa.
Conversa entre Lula e Biden sobre a Crise na Venezuela
Na terça-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a crise eleitoral na Venezuela. A conversa, marcada a pedido do governo norte-americano, teve como objetivo ouvir a posição do governo brasileiro sobre a situação política venezuelana. Biden expressou preocupações sobre a falta de transparência no processo eleitoral, e Lula reforçou a necessidade de divulgação das atas eleitorais para garantir a legitimidade do pleito.
A eleição presidencial na Venezuela continua gerando tensões. A falta de divulgação das atas eleitorais, que registram os votos em cada urna, é um dos principais pontos de desconfiança em relação ao resultado das eleições. O Brasil já solicitou à Venezuela a apresentação dessas atas.
O impasse eleitoral afeta o Brasil, não só pela proximidade geográfica, mas também pelo esforço de Lula, no início de seu mandato, de reintegrar Maduro à política do continente e promover eleições democráticas na Venezuela. Nas últimas semanas, Maduro radicalizou seu discurso, e Lula expressou preocupação com a situação.
Por enquanto, de forma cautelosa, o Brasil está cobrando a divulgação das atas. Outros vizinhos e parceiros, como Uruguai, Chile e Argentina, já contestaram o resultado eleitoral na Venezuela.
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