8 de janeiro de 2023. Um dia que ficará marcado na história do Brasil. Manifestantes contrários ao resultado das eleições presidenciais de 2022 iniciaram uma marcha desde o Quartel-General do Exército em direção à Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O protesto, que se tornaria violento, resultou na invasão das sedes dos Três Poderes, causando prejuízos materiais que ultrapassam os R$20 milhões, conforme dados divulgados pelo governo federal.
O caminho até o ataque aos prédios na capital federal foi meticulosamente construído ao longo de meses. A Constituição brasileira, principal símbolo da reconstrução do regime democrático após a ditadura militar, foi distorcida e nas redes sociais, o artigo 142 do texto foi explorado como uma ferramenta para justificar uma intervenção federal, baseada na crença infundada de que o sistema eleitoral brasileiro não era seguro.
O país assistiu o caos em Brasília com perplexidade e pediu justiça, segundo disse em entrevista o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), um mês após os ataques: “Uma minoria inconformada tentou tomar de assalto os Poderes da República e atentou contra a democracia brasileira. O Brasil e o mundo assistiram estarrecidos. Porém, a resposta das instituições foi célere e firme. A violência dessa minoria antidemocrática não representa o povo brasileiro nem tampouco a vontade do povo brasileiro”.
Do mesmo modo, o ministro Alexandre de Moraes, garantiu que “a resposta estatal não pode falhar quanto à observância da necessária proporcionalidade na fixação das reprimendas”.
Hoje, quando se completa um ano dos fatos, 66 seguem presos dos mais de 2 mil manifestantes inicialmente detidos. 25 pessoas continuam presas a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), sob suspeita de financiarem ou incitarem os crimes.
Além dos prejuízos materiais causados que deixou marcas visíveis na estrutura física ao longo do ano, foram instaladas duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para investigar, buscar e identificar os responsáveis e entender as motivações por trás da violência. A CPI teve o seu relatório aprovado em 18 de outubro. O documento pede o indiciamento do ex-presidente Bolsonaro.
Além das investigações sobre os manifestantes, a cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal e figuras políticas também foram alvo de suspeitas. No mesmo dia, o secretário de segurança pública do Distrito Federal, Anderson Torres, perdeu seu cargo e teve a sua prisão decretada 2 dias depois. No dia seguinte, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado por 90 dias por determinação do ministro Alexandre de Moraes, relator dos processos envolvendo os atos.
Um ano após os atos extremistas, Brasília ainda sente os efeitos daquele dia. A violência política deixou cicatrizes não apenas nas estruturas físicas dos prédios públicos, mas também nas instituições democráticas do país.
Para lembrar deste dia, o governo federal cedeu uma área para a construção do “Museu da Democracia”, espaço planejado para memória e união dos “setores democráticos do País”.
Iniciativa do Ministério da Cultura (Minc) em resposta aos ataques de 8 de janeiro,e terá investimentos de cerca de R$ 40 milhões, que sairá do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Nesta segunda-feira (8), terá ainda eventos para marcar os acontecimentos. O ato, chamado de “Democracia Inabalada”, reunirá cerca de 500 pessoas e foi organizado pelo Planalto, Congresso e Supremo. Até o momento, 34 ministros confirmaram presença e dos 27 governadores, mais de dez devem participar.
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