Pesquisas recentes revelam um quadro preocupante na bacia do Rio Araguaia, com indicativos de redução significativa da vazão e presença de agrotóxicos em suas águas. Em entrevista exclusiva ao Diário Tocantinense, Sandra Oliveira Santos, professora da Estácio, gestora ambiental e mestre em biologia, analisa os impactos e aponta possíveis soluções para essa problemática ambiental.
“A ocupação do solo ao redor do Rio Araguaia e a degradação de sua nascente são fatores que contribuem para a diminuição da vazão. Essa é uma situação que se agrava ao longo dos anos, mesmo com medidas implementadas para minimizar os danos ambientais,” destacou a profissional.
A pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) revela que o rio perdeu em média 40% da vazão e entre 40 e 67% da superfície de água nas últimas quatro décadas. Segundo a especialista, é fundamental proteger as matas ciliares e aumentar sua largura para reduzir o assoreamento das margens. O reflorestamento dessas áreas é crucial para restaurar o equilíbrio perdido.
Já os dados da da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) encontrou oito tipos de pesticidas nas amostras de água do Araguaia e de seus afluentes, apontando para uma contaminação difundida na região.
“O desmatamento e a expansão agrícola contribuem significativamente para a qualidade da água. O lixiviamento do solo, carreando nutrientes para os rios, e a diminuição da profundidade dos leitos são alguns dos impactos observados,” esclareceu Sandra.
Diante desse cenário, o secretário de meio ambiente do Tocantins, Marcelo Lelis, anunciou medidas para a revitalização de áreas degradadas na região. O acordo assinado com o instituto espinhaço prevê a restauração de 2 mil hectares em torno de nascentes e áreas de preservação permanente no entorno do rio Formoso.
Conforme a professora, o reflorestamento e a restauração de áreas degradadas desempenham um papel fundamental na revitalização do Rio Araguaia. Através das margens do rio e do aumento da largura das áreas de proteção, é possível reduzir o assoreamento das margens e promover a recuperação da biodiversidade local. O estabelecimento de ilhas de matas nativas em áreas estratégicas contribui para o retorno de polinizadores e restaura o equilíbrio ecológico perdido devido à devastação ambiental.
Além disso, Sandra destacou que é essencial intensificar o estudo e a disseminação do conhecimento sobre a importância da preservação ambiental, alcançando diferentes camadas da população. Incentivar financeiramente as comunidades locais que participam dessas iniciativas é também uma forma de promover o reflorestamento e a restauração, garantindo a participação ativa da população na melhoria do ecossistema do Rio Araguaia.
Relacionado
Link para compartilhar: