Ciclones tropicais causam US$ 78 milhões diários em perdas econômicas

Um relatório divulgado nesta quarta-feira (9) por economistas da Allianz Trade revela que os ciclones tropicais são responsáveis por uma perda média diária de US$ 78 milhões em danos econômicos globais. O estudo, intitulado *The Global Economic Ripple Effect of Cyclones*, analisa os impactos de eventos como furacões e tempestades tropicais, destacando o aumento expressivo de custos, especialmente nos Estados Unidos.

Atualmente, a Flórida enfrenta um dos piores furacões do último século. O furacão Milton, que atingiu a categoria 5, avança com ventos superiores a 250 km/h e deve se aproximar da costa na quarta-feira (9), colocando mais de um milhão de pessoas em alerta de evacuação. De acordo com o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC), os impactos econômicos e sociais já são significativos.

Aumento expressivo de perdas econômicas

Segundo o relatório da Allianz, os EUA registraram US$ 731 bilhões em perdas econômicas entre 2010 e 2019 devido a ciclones como Harvey, Irma e Maria. A atual década já acumula US$ 460 bilhões em prejuízos, o dobro das perdas registradas entre 1980 e 1999. O estudo atribui esse aumento a fatores como aquecimento global, urbanização crescente e maior concentração populacional em áreas costeiras.

Estudos apontam que, em um cenário de alta emissão de gases do efeito estufa, a população exposta a ciclones tropicais poderá aumentar em 23% até 2050 e em 84,2% até 2100. Isso agrava a vulnerabilidade de regiões como o Caribe e o sudeste dos Estados Unidos, onde os ciclones têm se tornado mais intensos e frequentes.

 Cadeias de suprimentos e comércio marítimo afetados

Embora os impactos imediatos dos ciclones tropicais sejam evidentes, o estudo destaca que o efeito cascata sobre as cadeias de suprimentos globais e o comércio marítimo é subestimado. Cerca de 80% do comércio mundial passa pelos portos, que sofrem interrupções significativas durante eventos climáticos extremos. Em 2023, os ciclones causaram 117 dias de paralisação em portos globais, afetando exportações no valor de até US$ 312 bilhões.

À medida que as mudanças climáticas avançam, espera-se que o impacto sobre o comércio aumente em até 38%, agravando as interrupções nas cadeias de valor. Sem medidas eficazes de adaptação, os custos econômicos tendem a crescer ainda mais, reforça o estudo.

Medidas de adaptação e o papel do seguro

O relatório sublinha a importância de investir em medidas de adaptação para mitigar os impactos dos ciclones tropicais. Infraestruturas mais robustas, sistemas de alerta precoce e soluções baseadas na natureza podem aumentar a resiliência dos países expostos a esses desastres. Além disso, os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs), promovidos pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), são fundamentais para alinhar esforços globais e buscar financiamentos para países em desenvolvimento.

O setor de seguros também desempenha um papel crucial. As seguradoras devem adotar uma postura ativa na mitigação de riscos, atuando não apenas como compensadoras financeiras, mas como parceiras que promovem a resiliência operacional. Isso requer uma transformação no modelo de negócios, com foco na prevenção de riscos e no fortalecimento de cadeias de valor.

Parcerias público-privadas são vistas como soluções importantes para enfrentar desastres de grande magnitude. Segundo o relatório, em eventos que excedem a capacidade do setor privado, o Estado deve atuar como “ressegurador de última instância”, garantindo a continuidade da cobertura de seguros.

Ameaças futuras

Com a intensificação das mudanças climáticas, o número de eventos extremos deve aumentar, gerando prejuízos cada vez maiores. A conscientização sobre a importância de medidas preventivas e o fortalecimento de cadeias de valor são essenciais para reduzir a exposição e os riscos econômicos.

O estudo conclui que, sem uma ação coordenada, o impacto econômico dos ciclones tropicais será cada vez mais severo, afetando diretamente a resiliência de países e a capacidade global de adaptação a desastres naturais.

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