Após meses de experimentos, o projeto de cultivo de lúpulo desenvolvido pelo Centro Universitário Católica do Tocantins (UniCatólica) em parceria com a Cervejaria Krahö vem apresentando resultados promissores, embora também enfrente desafios naturais do processo de adaptação ao clima do estado. Isso porque o cultivo de lúpulo é tradicionalmente associado a regiões com clima temperado, que apresentam invernos frios e verões amenos a quentes. Temperaturas muito altas ou muito baixas podem prejudicar o desenvolvimento das plantas, além disso a planta ainda requer um período de dormência no inverno, com temperaturas baixas para acumular energia para a próxima estação. Isso é um desafio em climas tropicais, onde o inverno não é rigoroso, mas algumas variedades podem se adaptar com manejo específico.
Das seis variedades estudadas, a Nugget se destacou pelo rápido crescimento em comparação às demais, enquanto a Zeus demonstrou um desenvolvimento mais lento. “Observamos um bom avanço na Nugget, o que pode indicar uma boa adaptação dessa variedade às condições locais,” comentou o professor dr. Gentil Cavalheiro Adorian. Embora a análise bioquímica necessária para avaliar a produção de compostos essenciais como alfa e beta ácidos ainda não tenha sido realizada, as observações iniciais são animadoras. “As flores apresentam uma boa produção de lupulina, substância responsável pelo aroma e sabor característicos do lúpulo na cerveja”, explicou o professor. As análises detalhadas serão feitas em um laboratório especializado em São Paulo, proporcionando uma avaliação precisa da qualidade do lúpulo produzido no Tocantins.
Até o momento, o cultivo foi realizado em vasos e diretamente no solo, dentro da casa de vegetação. Contudo, a próxima fase incluirá a transferência das plantas para uma área experimental ao ar livre. A Fazenda Escola já iniciou a preparação da área externa, incluindo a compra de estacas de eucalipto para suporte das plantas e a ampliação da produção de mudas. A primeira colheita foi afetada por dificuldades na irrigação, resultando em um rendimento mais baixo do que o esperado, no entanto, as plantas serão podadas e espera-se que estejam prontas para uma nova colheita até o final do ano.
Dia de Campo: professor dr. Gentil Cavalheiro ensinando manejo do Lúpulo
Ainda que seja cedo para garantir a adaptação total do lúpulo ao clima do Tocantins, o professor Gentil Cavalheiro se mantém otimista. “Selecionando as variedades mais adaptadas e com manejo adequado, acredito que teremos boas safras no futuro, aproveitando o clima tropical sem inverno rigoroso para o cultivo,” afirmou. Para o próximo ano, o projeto planeja testar o cultivo de variedades fora da estufa e explorar a possibilidade de parceria com outras instituições, expandindo os estudos para novas variedades de lúpulo. “Nosso objetivo é aumentar a diversidade de cultivares, o que traria mais possibilidades para a produção local e fortaleceria o mercado de lúpulo no estado”, concluiu.
Relacionado
Link para compartilhar: