As eleições presidenciais dos Estados Unidos (EUA) de 2024 acontecem em 5 de novembro, e os eleitores do país devem escolher entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump. Com um sistema eleitoral indireto e uma forte influência dos estados decisivos, ou “swing states”, o resultado desta eleição pode ter impacto significativo não só no cenário norte-americano, mas também em nível global.
O Processo Eleitoral nos EUA
O processo eleitoral nos EUA é diferente do que ocorre em outras democracias, como o Brasil. Nos Estados Unidos, as eleições são indiretas, realizadas através do Colégio Eleitoral. Os eleitores, na prática, votam em delegados estaduais comprometidos com um candidato específico. Cada estado possui um número de delegados proporcional à sua população, totalizando 538 votos no Colégio Eleitoral. Para vencer, o candidato precisa conquistar pelo menos 270 votos desses delegados.
Antes da eleição geral, os candidatos passam por um longo processo de seleção que inclui primárias e caucuses, realizados em cada estado para determinar o candidato de cada partido. Após a escolha, ocorrem as convenções nacionais, onde os partidos oficializam suas indicações e apresentam suas plataformas políticas.
O cientista político Allan Lichtman, conhecido por prever corretamente nove das últimas dez eleições presidenciais, explica: “O sistema eleitoral dos EUA não se baseia apenas na popularidade. É possível ganhar o voto popular e ainda perder a eleição, como aconteceu em 2016. Isso reflete uma complexidade que poucos países têm.” Para Lichtman, essa característica torna os estados-pêndulo ainda mais decisivos, já que eles podem mudar o resultado final.
Candidatos e a disputa eleitoral nos EUA
Kamala Harris, atual vice-presidente, assumiu a candidatura democrata após a desistência de Joe Biden. Ela enfrenta Donald Trump, ex-presidente que busca retornar ao cargo pelo Partido Republicano. Esta campanha tem sido uma das mais polarizadas da história recente, com os debates focando temas como economia, saúde, imigração, política externa e meio ambiente.
De acordo com a cientista política Amélia Thompson, da Universidade de Princeton, “A candidatura de Harris traz um foco na continuidade das políticas implementadas por Biden, enquanto Trump adota uma abordagem mais populista e de confronto, apelando para eleitores insatisfeitos com o governo atual.” Thompson acredita que o histórico dos dois candidatos e a estratégia de campanha podem influenciar de maneira decisiva o resultado nas urnas.
A importância dos “Swing States”
Estados como Pensilvânia, Michigan e Wisconsin são vistos como cruciais para determinar o vencedor. Estes estados, conhecidos como “swing states”, podem variar seu apoio entre republicanos e democratas dependendo do contexto político e econômico.
“Os ‘swing states’ são os verdadeiros campos de batalha desta eleição”, diz Mark Riddle, especialista em ciência política da Universidade da Califórnia. “Ambos os candidatos estão investindo massivamente nesses estados, pois sabem que perder ali pode significar perder a eleição.” Segundo ele, a participação dos eleitores nesses estados será decisiva, especialmente em um cenário de empate técnico.
Data da eleição nos EUA e apuração dos votos
A eleição ocorrerá em 5 de novembro de 2024. Diferente do Brasil, onde a apuração é realizada de forma eletrônica e os resultados são divulgados rapidamente, nos EUA o processo de apuração pode levar dias ou até semanas. Isso ocorre porque os métodos de votação variam entre os estados, incluindo voto antecipado, voto pelo correio e votação presencial no dia do pleito.
“A contagem dos votos nos EUA envolve uma complexidade enorme devido aos diferentes métodos de votação permitidos em cada estado,” explica o professor Thomas Meyer, especialista em políticas eleitorais da Universidade de Nova York. “Cada estado tem suas regras específicas, e isso significa que a apuração completa pode demorar, especialmente se houver recontagens em estados-chave.”
A Influência das pesquisas de opinião nos EUA
As pesquisas de intenção de voto apontam para uma disputa acirrada entre Harris e Trump. Em estados decisivos, as margens são estreitas, com variações dentro da margem de erro. No entanto, os analistas lembram que as pesquisas não são sempre indicativas do resultado final devido às particularidades do Colégio Eleitoral.
Segundo a analista política Lisa Carter, “Embora as pesquisas indiquem um certo favoritismo para Harris em alguns estados, o sistema de Colégio Eleitoral pode favorecer Trump, especialmente se ele conseguir vencer em estados de grande peso eleitoral.” Ela destaca que o histórico de 2016, quando Trump venceu o Colégio Eleitoral, mas perdeu no voto popular, é um exemplo de como o sistema pode beneficiar candidatos que se concentram nos estados certos.
Participação antecipada e voto pelo correio
Nos EUA, muitos eleitores optam por votar antes do dia oficial da eleição, seja pelo correio ou em locais de votação antecipada. Em 2020, durante a pandemia de COVID-19, houve um aumento expressivo no voto por correio, e essa modalidade ainda se mantém popular entre os eleitores.
“A votação antecipada permite que mais pessoas participem do processo eleitoral, principalmente aqueles que podem enfrentar dificuldades para comparecer no dia da eleição,” afirma Marie Lopez, professora de ciência política na Universidade de Georgetown. Lopez aponta que o aumento do voto antecipado reflete uma mudança na forma como os americanos participam do processo eleitoral e que essa tendência deve continuar em 2024.
Com um sistema eleitoral único e uma disputa acirrada entre Kamala Harris e Donald Trump, a eleição de 2024 nos EUA representa um momento decisivo para o país e para a política mundial. Os candidatos apresentam visões contrastantes para o futuro dos EUA, e o resultado terá impactos profundos na política interna e nas relações internacionais.
Para o especialista Richard Green, da Universidade de Stanford, “A eleição de 2024 será um divisor de águas, pois mostrará se o país deseja continuar com as políticas de Biden, representadas por Harris, ou se busca uma mudança com o retorno de Trump. Ambos os cenários trarão grandes desafios e mudanças para os EUA.”
Análise final sobre o cenário eleitoral nos EUA
Os especialistas apontam que o futuro dos Estados Unidos está em jogo nesta eleição. Segundo o cientista político Henry Cole, da Universidade de Chicago, “O sistema eleitoral americano, com o foco no Colégio Eleitoral e nos ‘swing states’, cria um cenário único em que não basta ser popular nacionalmente. É preciso ser estratégico para vencer.” Cole reforça que a competição se intensifica nas semanas finais, com ambos os candidatos direcionando esforços para estados estratégicos e redobrando as campanhas em regiões onde há maior indecisão.
Assim, enquanto o mundo observa, os EUA se preparam para mais um processo eleitoral que promete ser marcado pela participação dos eleitores e pela disputa acirrada em estados-chave. Independentemente de quem vença, os próximos anos deverão refletir os impactos dessa escolha, tanto para o país quanto para a cena internacional.
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