A variação nos preços de hortifrutigranjeiros no Tocantins tem impactado diretamente o orçamento das famílias e traz reflexos importantes sobre a economia local. Dados recentes do Prohort – Programa Brasileiro de Modernização do Mercado de Hortigranjeiro – mostram que produtos básicos, como batata, tomate e alface, apresentam custos elevados no estado, destacando desafios logísticos e de produção na região.
Disparidades nos preços no Tocantins
Os dados do Prohort apontam que o quilo da batata está sendo comercializado, em média, a R$ 6,40 no Tocantins, valor superior à média nacional de R$ 4,19. Já o tomate, item indispensável na dieta dos brasileiros, custa R$ 4,25 no estado, enquanto a média nacional é de R$ 2,77. Outros produtos, como a alface, chegam a R$ 16,08 por dúzia no Tocantins, quase cinco vezes mais caro do que em estados vizinhos, como Goiás, onde o mesmo item é vendido por R$ 3,50.
Maria dos Santos, dona de casa em Palmas, afirma que o aumento nos preços tem exigido ajustes no cardápio da família. “Estamos comprando menos frutas e verduras. Antes, comprávamos por quantidade, agora priorizamos o que está mais em conta na semana.”
Em Araguaína, cidade com um dos maiores mercados de hortifrutigranjeiros do estado, a situação não é diferente. Por lá, comerciantes relatam que o custo de transporte é um dos principais responsáveis pela elevação dos preços. “Muitos produtos vêm de outros estados, e o frete é caro. Isso acaba impactando diretamente o consumidor”, explica Joaquim Oliveira, feirante há mais de 20 anos.
Fatores que influenciam os preços
Especialistas apontam que a infraestrutura logística e a sazonalidade são fatores determinantes para os custos no Tocantins. As longas distâncias percorridas para abastecer mercados locais e a dependência de produtos de outros estados aumentam os valores repassados ao consumidor.
Ademais, a produção agrícola local, embora em expansão, ainda não atende totalmente à demanda. A mandioca, um dos produtos com maior tradição no estado, é comercializada a R$ 3,65 o quilo, mas frutas como a uva Itália e a banana-nanica, que dependem de fornecedores externos, custam, respectivamente, R$ 12,35 e R$ 4,38 por quilo.
O impacto para a economia local
A alta nos preços não afeta apenas o consumidor final. Pequenos comerciantes relatam dificuldades em manter a competitividade. “Muitos clientes têm optado por fazer compras menores ou buscar alternativas em grandes redes, que oferecem preços um pouco mais baixos devido ao volume de compra”, afirma Rosilda Pereira, vendedora em uma feira de Gurupi.
Os dados do Prohort também indicam que a oferta de produtos frescos pode variar dependendo da época do ano. Isso, aliado aos custos elevados de transporte, faz do Tocantins um estado com preços geralmente acima da média nacional, principalmente em hortaliças e frutas importadas de outros polos de produção.
Alternativas para os consumidores
Para driblar os altos preços, algumas famílias têm investido em hortas domésticas. Em Porto Nacional, por exemplo, iniciativas comunitárias têm ganhado força, com grupos de moradores cultivando verduras e legumes em terrenos compartilhados. Além disso, programas de incentivo à produção local, como o Prohort, buscam fomentar a modernização da cadeia produtiva para reduzir a dependência de outras regiões.
“A solução está em melhorar a infraestrutura e fortalecer o produtor local. Com isso, podemos reduzir os custos logísticos e oferecer preços mais justos à população do Tocantins”, analisa Marcos Vieira, economista com foco em agricultura.
Enquanto as soluções estruturais ainda estão em andamento, os consumidores seguem adaptando seus hábitos para enfrentar o desafio do aumento nos preços dos hortifrutigranjeiros.
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