Com uma matriz de energia que já conta com 88% de fontes limpas, o Brasil é líder no cenário global, destaca Kátia Abreu, uma das notáveis da emissora Real Time News. A ex-ministra e senadora pontuou que o país possui condições naturais únicas e defendeu políticas públicas para fortalecer ainda mais o setor.
Energia limpa no Brasil: um modelo para o mundo
Durante sua participação no programa da Real Time News, Kátia Abreu, conhecida por sua defesa do agronegócio e por seu envolvimento em pautas estratégicas, ressaltou a posição de destaque do Brasil no uso de fontes renováveis. Com 88% da matriz elétrica composta por energia limpa, o país se diferencia de grandes economias globais, como os membros do G20, cuja média é de apenas 40%.
“Enquanto o mundo inteiro ainda depende de carvão, petróleo e gás, o Brasil avançou diretamente para as fontes renováveis, como hidrelétricas, e agora lidera a produção de energia solar e eólica. Precisamos intensificar esses investimentos e consolidar nossa posição de liderança global”, afirmou a senadora.
Crescimento da energia solar no Brasil
O país atingiu recentemente a marca de 50 gigawatts de capacidade instalada em energia solar, o que representa cerca de 21% da matriz elétrica nacional, de acordo com Eduardo Tobias, CEO da Vat Capital e convidado do painel. Esse avanço posiciona o Brasil como o terceiro maior investidor global em energia solar em 2023, com a projeção de alcançar 65 gigawatts em 2024, impulsionado por investimentos de R$ 39 bilhões e a criação de 400 mil novos empregos.
“A energia solar no Brasil passou de inviável para indispensável em pouco mais de uma década. O avanço tecnológico, aliado à necessidade de transição energética global, tornou essa fonte cada vez mais acessível e competitiva”, explicou Tobias.
Kátia Abreu destacou que esse crescimento não foi por acaso. Segundo ela, o Brasil tem uma vocação natural para liderar no setor:
“Temos abundância de sol, vento e recursos naturais. No entanto, para consolidar esse protagonismo, precisamos de políticas públicas que incentivem o setor, como financiamentos acessíveis e a redução de tributos, principalmente para tecnologias de armazenamento.”
Armazenamento de energia: o próximo passo
Um dos principais desafios apontados no debate foi a necessidade de sistemas eficientes para armazenar energia, especialmente no caso das fontes solar e eólica. Hoje, a energia solar responde por até 75% do fornecimento nacional entre 12h e 16h, mas, após o pôr do sol, é necessário recorrer às termelétricas, que são mais poluentes.
“Precisamos de investimentos em baterias para armazenar a energia gerada durante o dia e utilizá-la à noite. É uma solução viável, mas que exige redução de impostos para a importação de equipamentos e incentivos financeiros para produtores do setor”, defendeu Kátia Abreu.
Atualmente, a carga tributária sobre baterias no Brasil pode chegar a 70%, o que dificulta a adoção em larga escala. A senadora comparou a implementação desse sistema à criação de “data centers de energia”, que permitiriam maior eficiência e flexibilidade no uso de fontes renováveis.
O impacto global do Brasil no setor
A posição de destaque do Brasil no cenário energético global também foi abordada durante o painel. Segundo Eduardo Tobias, o país não apenas lidera na produção de energia limpa, mas serve como exemplo para outras nações:
“Hoje, o Brasil já é referência. Nossa matriz elétrica é uma das mais limpas do mundo, e isso deve se intensificar com o aumento da energia solar e eólica. Além disso, temos o potencial de exportar tecnologias e conhecimentos para outros países.”
A China, líder mundial na produção de módulos solares e baterias, foi citada como um modelo de escala e competitividade. No entanto, Tobias alertou que o Brasil precisa investir mais em pesquisa e desenvolvimento para reduzir sua dependência de importações.
Energia renovável e a economia brasileira
O impacto da transição energética na economia foi outro ponto discutido. Em 2023, o setor de energia solar gerou mais de 400 mil empregos diretos e indiretos e movimentou bilhões em investimentos. A microgeração, que permite a instalação de painéis solares em residências e pequenas empresas, foi responsável por 79% das instalações no país.
“O custo inicial ainda é uma barreira para muitas famílias, mas os preços estão caindo, e o retorno financeiro é garantido. Com um investimento médio de R$ 15 mil a R$ 40 mil, é possível reduzir significativamente a conta de luz e contribuir para um futuro mais sustentável”, explicou Tobias.
Políticas públicas e desafios legislativos
Kátia Abreu também destacou a importância do apoio legislativo para o avanço das energias renováveis. Ela elogiou a aprovação recente de projetos no Congresso Nacional, mas alertou para decisões contraditórias, como a renovação de subsídios para termelétricas a carvão até 2050.
“Não faz sentido investir em fontes poluentes quando temos condições tão favoráveis para ampliar as renováveis. Precisamos de consistência nas políticas públicas e de um compromisso claro com a sustentabilidade”, afirmou.
O futuro do hidrogênio verde
Outra aposta para o futuro da matriz energética brasileira é o hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis. Kátia Abreu ressaltou que o Brasil tem um grande potencial para liderar também nesse setor:
“Com energia limpa e abundante, podemos produzir hidrogênio verde para exportação e, principalmente, para reduzir nossa dependência de fertilizantes importados. Essa é uma oportunidade estratégica para o agronegócio e para a economia brasileira.”
O Brasil como líder global em sustentabilidade
O painel encerrou com uma reflexão sobre o papel do Brasil no cenário global. Para Kátia Abreu, o país tem a responsabilidade de liderar pelo exemplo:
“Somos uma potência natural. Precisamos mostrar ao mundo que é possível crescer de forma sustentável, aproveitando nossas riquezas de maneira inteligente. Essa é a nossa contribuição para o futuro do planeta.”
Com avanços significativos e desafios ainda a superar, o Brasil segue firme no caminho para consolidar sua posição como referência global em energia renovável. A aposta em tecnologias como armazenamento, hidrogênio verde e ampliação da energia solar e eólica promete transformar não apenas a matriz energética, mas também a economia e a posição do país no cenário internacional.
Assista aqui a entrevista ade Kátia Abreu na íntegra.
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