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Desabamento da ponte JK em Aguiarnópolis expõe contrastes entre gastos com festas e prioridades públicas

A tragédia do desabamento da ponte Juscelino Kubitschek, que ligava Aguiarnópolis, no Tocantins, ao estado do Maranhão, trouxe luto e indignação à população local. Com três corpos recuperados, 16 pessoas desaparecidas e uma série de questionamentos sobre as condições da estrutura, o caso revela não apenas falhas de manutenção, mas também uma discussão sobre as prioridades de investimento público. Em meio à tragédia, veio à tona a informação de que a prefeitura do município destinou pelo menos R$ 1,8 milhão em cachês para artistas em festivais durante 2024 – um valor que corresponde a cerca de 5% do orçamento anual da cidade.

A tragédia da ponte JK

A ponte Juscelino Kubitschek desabou na manhã do domingo, 22 de dezembro, enquanto veículos e pedestres a utilizavam. Segundo testemunhas, a estrutura apresentava sinais de deterioração há meses, com relatos de moradores sobre rachaduras e instabilidade. A queda deixou 16 desaparecidos e resultou, até agora, na recuperação de três corpos: Lorrane Cidronio de Jesus, de 11 anos; Kecio Francisco dos Santos Lopes; e Lorena Rodrigues Ribeiro, de 25 anos. Uma pessoa, Jairo Silva Rodrigues, de 36 anos, foi resgatada com vida no dia do acidente.

O incidente escancarou a fragilidade da infraestrutura local e trouxe à tona críticas sobre a falta de manutenção em uma ponte de importância estratégica para a região, que serve como principal ligação entre o Tocantins e o Maranhão. Autoridades estaduais e federais prometeram investigações sobre as causas do acidente e apuração de responsabilidades.

Investimentos em festas e eventos: a realidade de Aguiarnópolis

Com cerca de 5 mil habitantes, Aguiarnópolis é uma cidade de pequeno porte cujo orçamento anual é limitado. Apesar disso, a prefeitura destinou R$ 1,8 milhão em festivais e eventos ao longo de 2024. Desses valores, aproximadamente R$ 1 milhão foi financiado por meio das chamadas “emendas Pix”, um modelo de repasse direto de recursos parlamentares, conhecido por sua rapidez, mas também por regras mais flexíveis de fiscalização.

Entre os eventos realizados, o aniversário de 30 anos do município, celebrado entre 24 e 26 de maio, se destacou pela presença de nove artistas nacionais. Os shows gospel da primeira noite contaram com Davi Sacer, Valesca Mayssa e Marquinhos Gomes, cujos cachês somaram R$ 385 mil, segundo informações do Portal da Transparência. Além disso, outros artistas, ainda não identificados, também participaram das festividades.

O gasto elevado em festivais gerou questionamentos, especialmente diante da tragédia da ponte. “Os investimentos em entretenimento são importantes para a cultura local, mas há uma clara desconexão entre as prioridades orçamentárias e as necessidades básicas da população”, analisa o especialista em gestão pública Eduardo Albuquerque.

A repercussão e os questionamentos políticos

A tragédia da ponte JK trouxe um foco crítico sobre as decisões políticas e administrativas em Aguiarnópolis. Embora a responsabilidade direta pela manutenção da ponte seja do governo federal, o alto gasto com eventos culturais é interpretado como um reflexo de má gestão e prioridades desalinhadas.

“Esses investimentos elevados em festas não são uma questão isolada. Eles representam uma distorção frequente em municípios pequenos, onde as gestões buscam visibilidade com shows e eventos, enquanto deixam de lado questões estruturais e essenciais”, avalia a cientista política Mariana Toledo.

Além disso, as emendas Pix, responsáveis por grande parte dos recursos utilizados nos festivais, levantam preocupações sobre a transparência e a fiscalização dos repasses. “O modelo de emendas Pix facilita o acesso rápido a verbas, mas também reduz o controle sobre como elas são aplicadas, permitindo o uso em áreas de menor prioridade”, aponta Toledo.

A ponte e o impacto regional

O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek não apenas resultou em perdas humanas, mas também afetou diretamente a logística e a economia da região. A estrutura era utilizada diariamente por centenas de veículos, incluindo caminhões que transportam mercadorias entre o Maranhão e o Tocantins. Seu colapso compromete a circulação de bens e pessoas, agravando os desafios socioeconômicos locais.

Para os moradores, a tragédia reforça o sentimento de abandono. “É revoltante pensar que tantos recursos são destinados a festas enquanto uma ponte como essa, tão importante para todos nós, estava em condições tão precárias”, desabafa Maria Silva, comerciante da região.

Próximos passos e lições para a gestão pública

As investigações sobre o desabamento da ponte continuam, com a promessa de que eventuais responsáveis pela tragédia serão identificados e responsabilizados. No entanto, o caso já deixou claro a necessidade de repensar as prioridades orçamentárias nos municípios pequenos. Para Mariana Toledo, “a tragédia de Aguiarnópolis é um exemplo do custo humano que pode resultar da má alocação de recursos públicos.”

A gestão municipal, por sua vez, terá de enfrentar a pressão da população e de autoridades estaduais e federais para adotar medidas que priorizem investimentos em infraestrutura e segurança. Enquanto isso, o luto das famílias e o impacto econômico continuam a marcar a vida da cidade.

Em um momento de profunda dor e indignação, Aguiarnópolis se encontra no centro de um debate sobre responsabilidade e prioridades públicas. A tragédia da ponte Juscelino Kubitschek não é apenas um acidente, mas um alerta para os gestores de todo o país sobre a importância de decisões que coloquem a segurança e o bem-estar da população em primeiro lugar.

A redação do DT deixa espaço para que todos os envolvidos parlamentares e a prefeitura possam comentar o assunto via nota oficial.

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