O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, no rio Tocantins, continua mobilizando equipes de resgate e gerando comoção nacional. No domingo (29), a Marinha do Brasil localizou mais um corpo, elevando para 10 o número de mortes confirmadas entre os 17 desaparecidos inicialmente reportados. O corpo estava preso na cabine de um caminhão carregado com ácido sulfúrico, uma das cargas mais perigosas envolvidas no acidente.
A tragédia, que ocorreu em 22 de dezembro de 2024, deixou veículos submersos e destroços espalhados pelo rio, expondo falhas estruturais graves na ponte e levantando questões sobre a gestão e manutenção das infraestruturas nacionais.
Esforços de resgate intensificados
Com o corpo localizado no domingo, mergulhadores da Marinha enfrentaram dificuldades para realizar a remoção devido à situação perigosa da carga química transportada pelo caminhão. Segundo a Marinha, as operações de busca continuam, com 87 militares atuando no local e outros 20 militares responsáveis pelo planejamento em Belém (PA). A operação é realizada em conjunto com os Corpos de Bombeiros dos estados do Pará, Maranhão e Tocantins.
Além das vítimas confirmadas, sete pessoas permanecem desaparecidas. Veículos que caíram no rio incluem caminhonetes e caminhões transportando produtos químicos, como ácido sulfúrico e defensivos agrícolas, gerando preocupação ambiental devido ao risco de contaminação do rio Tocantins, um recurso hídrico vital para a região.
O papel do DNIT e a deterioração da ponte
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) reconheceu sua responsabilidade pelo colapso da ponte. Em entrevista recente, o diretor-geral do órgão, Fabrício Galvão, afirmou: “Eu entendo que o DNIT é o responsável pela queda dessa ponte; precisamos apurar para entender o que aconteceu.”
Documentos internos do DNIT já apontavam, desde 2020, problemas estruturais graves, incluindo vibrações excessivas, fissuras e inclinações nos pilares. Em maio de 2024, o órgão iniciou o processo de contratação de empresas para a reabilitação da ponte, mas a licitação não avançou a tempo. Isso gerou questionamentos sobre a lentidão nos procedimentos de manutenção e a falta de interdições preventivas.
Em resposta ao colapso, o DNIT instaurou uma sindicância para investigar as causas e responsabilidades. A comissão conta com o apoio de órgãos externos para garantir a transparência do processo.
Impactos ambientais e sociais
O desabamento da ponte trouxe preocupações além da tragédia humana. Os caminhões que caíram no rio carregavam cargas tóxicas, como ácido sulfúrico e defensivos agrícolas, levantando riscos de contaminação do rio Tocantins, um dos principais recursos hídricos da região.
A Agência Nacional de Águas (ANA) e órgãos ambientais estaduais foram acionados para avaliar os impactos e monitorar a qualidade da água. Enquanto isso, comunidades ribeirinhas temem pela segurança de suas fontes de água e pela biodiversidade local, que já enfrenta desafios devido ao desmatamento e à poluição.
Comoção nacional e demandas por respostas
O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek gerou comoção nacional, com familiares das vítimas e organizações civis exigindo respostas das autoridades. A ponte, que conectava os estados do Tocantins e Maranhão, era uma via essencial para o transporte de mercadorias e pessoas, sendo uma das principais rotas logísticas da região.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou o incidente como uma tragédia que evidencia a urgência de investimentos em infraestrutura. “Precisamos garantir a segurança das nossas estradas, pontes e vias navegáveis. O desabamento da ponte é um alerta para que tomemos ações preventivas e imediatas em todo o país”, declarou.
Apoio às famílias das vítimas
As famílias das vítimas confirmadas têm recebido suporte psicológico e logístico por parte das prefeituras locais e organizações de assistência social. A Marinha e o DNIT também disponibilizaram canais para denúncias e informações relacionadas ao caso:
- Disque Emergências Marítimas e Fluviais: 185
- Capitania dos Portos do Maranhão: 0800-098-8432
Enquanto as buscas continuam, a população local e o país aguardam respostas sobre o que causou o desabamento e medidas para evitar tragédias semelhantes no futuro.
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