Na noite de domingo, 5 de janeiro, a atriz brasileira Fernanda Torres alcançou um marco inédito ao conquistar o prêmio de Melhor Atriz de Drama no Globo de Ouro por sua interpretação em Ainda Estou Aqui. O feito consolida Torres, de 59 anos, como uma das artistas mais reconhecidas de sua geração, reforçando sua trajetória de sucesso tanto no Brasil quanto no exterior.
Uma Carreira Moldada pela Dramaturgia
Filha da icônica Fernanda Montenegro e do ator e diretor Fernando Torres, Fernanda cresceu cercada pela arte e pela dramaturgia. Seu irmão, Claudio Torres, é um renomado cineasta, e seu marido, Andrucha Waddington, também diretor, completa a tradição artística da família.
Sua estreia ocorreu no teatro, em 1978, e logo em 1979 Fernanda ingressou na televisão, atuando em novelas e minisséries. Nos anos 2000, ela conquistou o público ao protagonizar as séries cômicas Os Normais e Tapas & Beijos. Paralelamente, construiu uma sólida carreira no cinema, que culminou com a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1986, por Eu Sei que Vou Te Amar, de Arnaldo Jabor.
Fernanda também se aventurou pela literatura, lançando os romances Fim (2013) e A Glória e Seu Cortejo de Horrores(2017), ambos muito bem recebidos pela crítica.
O Papel Transformador em “Ainda Estou Aqui”
O filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Bruno Barreto e baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, apresenta Fernanda no papel de Eunice Paiva, uma advogada que enfrenta o sequestro e assassinato de seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar brasileira (1964-1985). Sua atuação sensível e visceral capturou a complexidade emocional de uma mulher lidando com a perda, o luto e a luta por justiça.
Com este papel, Torres não apenas garantiu o Globo de Ouro, mas também está entre as favoritas para uma indicação ao Oscar, cujo anúncio será feito em 17 de janeiro. A atriz dedicou o prêmio “a todas as mulheres brasileiras que lutam contra as adversidades e carregam a força da resistência”.
O Legado Internacional do Cinema Brasileiro
Fernanda Torres segue os passos de outras grandes atrizes brasileiras que conquistaram reconhecimento mundial. Sua mãe, Fernanda Montenegro, recebeu uma indicação ao Oscar por Central do Brasil (1998), além de um Emmy Internacional em 2013. Sônia Braga, ícone do cinema nacional, foi indicada três vezes ao Globo de Ouro e se destacou em produções como O Beijo da Mulher Aranha e Luar Sobre Parador. Outras artistas como Florinda Bolkan, Marcélia Cartaxo, Ana Beatriz Nogueira e Sandra Corveloni também colecionam prêmios internacionais.
O Impacto de “Ainda Estou Aqui”
Ainda Estou Aqui revisita um dos capítulos mais sombrios da história recente do Brasil, trazendo à tona questões sobre direitos humanos, memória e resistência. A produção se destaca não apenas pela profundidade narrativa, mas também pela excelência técnica. Dirigido por Bruno Barreto e com roteiro adaptado por Antonia Pellegrino, o longa recebeu elogios por sua fidelidade ao contexto histórico e pela interpretação brilhante de Torres, que conseguiu transmitir o dilema interno de Eunice com autenticidade.
O filme não apenas celebra a trajetória de Eunice Paiva, mas também dialoga com as feridas ainda abertas do período ditatorial, reforçando a importância de revisitar o passado para compreender o presente. Aclamado por público e crítica, Ainda Estou Aqui já é considerado um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro recente, abrindo portas para uma maior valorização da produção nacional em festivais internacionais.
Com essa conquista, Fernanda Torres reafirma seu lugar na história do cinema e projeta ainda mais a relevância da dramaturgia brasileira no cenário global.
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