O início do ano letivo de 2025 traz um desafio comum para muitas famílias brasileiras: a compra do material escolar. As tradicionais listas enviadas pelas escolas continuam assustando pais e mães com itens variados e, muitas vezes, de alto custo. Apesar de tentarem economizar, os consumidores se deparam com preços elevados, falta de padronização nas exigências e a necessidade de pesquisar muito antes de fechar a conta.
A inflação acumulada de 4,83% em 2024, segundo o IBGE, impacta diretamente o setor, elevando os preços de itens básicos como cadernos, mochilas e materiais de arte. Diante deste cenário, famílias e especialistas discutem estratégias para lidar com os custos e as demandas escolares.
Custos que pesam no orçamento
Dados da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Material Escolar (ABFIME) indicam que o preço médio dos itens aumentou 9,7% em relação a 2024, superando a inflação geral. Itens como mochilas e estojos tiveram os maiores reajustes, com alta de até 15%.
A dona de casa Ana Cristina Oliveira, mãe de dois filhos, relata a dificuldade em equilibrar o orçamento. “O valor dos materiais está absurdo. Só para os meus dois filhos, a lista da escola saiu por quase R$ 2 mil. Tive que parcelar e priorizar algumas compras porque não dá para pagar tudo de uma vez.”
A pedagoga Mariana Alves, mãe de uma menina de 8 anos, também sentiu o impacto. “Além de itens básicos, a escola pede materiais que nunca vi serem usados, como papéis específicos e tintas. Questiono o real uso disso, mas acabo comprando por medo de prejudicar minha filha.”
Estratégias para economizar
Diante dos altos preços, muitas famílias têm buscado alternativas para economizar. A reutilização de materiais, troca de livros entre colegas e a compra em grupos têm sido estratégias cada vez mais comuns.
A empresária Juliana Ferreira adotou a prática de montar um grupo de mães para dividir custos. “Organizamos uma compra coletiva para itens como papel sulfite e lápis de cor. Conseguimos negociar descontos significativos com os fornecedores. Foi a única forma de reduzir os custos.”
Já a advogada Renata Andrade optou por pesquisar preços em lojas online. “Comparei valores em várias plataformas e consegui economizar quase 20% do total. O problema é que, mesmo assim, a conta é alta. Acho que as escolas deveriam ser mais conscientes na hora de montar as listas.”
O que as escolas dizem?
As escolas, por sua vez, justificam as listas extensas pela necessidade de oferecer um ensino de qualidade. Muitos materiais são considerados essenciais para atividades pedagógicas, principalmente em instituições que valorizam práticas interativas e projetos artísticos.
No entanto, especialistas questionam a transparência nas demandas. O economista Pedro Carvalho acredita que há espaço para ajustes. “Muitas vezes, as escolas incluem itens que não são utilizados integralmente. Isso onera os pais sem trazer benefícios reais ao aprendizado. Uma padronização nacional poderia ajudar a equilibrar essa situação.”
Já o economista Ricardo Almeida ressalta que a falta de regulamentação no setor prejudica os consumidores. “A legislação não define critérios claros para o que pode ser exigido. Algumas escolas extrapolam, pedindo materiais que deveriam ser fornecidos pela instituição, como itens de uso coletivo. Isso precisa ser revisto.”
Oportunidades no mercado
Apesar do peso no bolso, o segmento de material escolar continua a oferecer opções diversificadas. Algumas empresas apostam em diferenciação para atrair os consumidores, como kits sustentáveis, produtos personalizados e planos de assinatura mensal.
“Notamos uma maior procura por materiais ecológicos e reutilizáveis, como cadernos recicláveis e canetas recarregáveis”, afirma Fernanda Moraes, gerente de uma rede de papelarias. Segundo ela, embora os preços desses produtos sejam um pouco mais altos, a durabilidade e o impacto ambiental positivo têm conquistado os consumidores.
O impacto no bolso e na educação
Enquanto as listas escolares continuam a ser um desafio financeiro, especialistas defendem que pais e escolas mantenham o diálogo aberto. A transparência na comunicação sobre os custos e a real necessidade dos materiais pode aliviar parte do peso enfrentado pelas famílias.
Para os pais, a dica principal é planejar as compras com antecedência, pesquisar preços e priorizar o essencial. Já para as escolas, a recomendação é rever as demandas e buscar parcerias que possam reduzir os custos. Em um ano marcado por desafios econômicos, a educação e o bem-estar dos alunos precisam continuar sendo prioridades compartilhadas por todos os envolvidos.
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