A inflação projetada pelo mercado financeiro para os próximos anos continua em alta. Segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Banco Central, a previsão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2025 subiu de 5,50% para 5,58%. Já para 2026, o índice foi revisado de 4,22% para 4,30%, mantendo-se acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Inflação acima do teto preocupa mercado
A revisão constante das expectativas de inflação já preocupa agentes do mercado e especialistas em política monetária. Segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o cenário fiscal do Brasil segue pressionando os índices:
“Há uma percepção de que o jogo virou para pior na economia brasileira. O governo só conseguiria reverter essa tendência com um pacote fiscal mais rígido, mas o cenário atual não aponta para essa direção.”
Outro fator de preocupação é a desvalorização do real frente ao dólar, que encarece importações e contribui para a alta dos preços no mercado interno. O dólar chegou a R$ 5,45 na última semana, um patamar que, segundo analistas, pode continuar impactando os preços de bens e serviços.
Selic segue alta e PIB tem revisão negativa
O Banco Central tem utilizado a política monetária como principal ferramenta de controle da inflação. A taxa Selic foi elevada para 13,25% ao ano em janeiro de 2025 e pode sofrer novos ajustes nos próximos meses.
De acordo com Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, a alta dos juros visa conter a inflação, mas traz impacto negativo para o crescimento econômico:
“A combinação de juros elevados e desvalorização do real cria um ambiente de menor crescimento econômico. O PIB de 2025 foi revisado para baixo, de 2,06% para 2,03%.”
Para 2026, a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 1,72% para 1,70%, indicando um cenário de desaceleração da economia.
Expectativas para o futuro
O mercado aguarda os próximos passos do governo federal em relação à política fiscal e monetária. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu que a inflação deve continuar acima da meta até junho, mas espera que fatores como a colheita agrícola e a valorização do real ajudem a conter o avanço dos preços.
Enquanto isso, o Banco Central mantém o discurso de cautela e reafirma o compromisso com o controle inflacionário, o que pode resultar em novos ajustes na taxa de juros ao longo do ano.
Com o cenário econômico cada vez mais desafiador, a preocupação dos investidores e empresários é com a capacidade do governo de equilibrar o crescimento econômico e o controle da inflação.
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