Pesquisadores brasileiros e australianos estão conduzindo uma expedição científica na Bacia do Rio Araguaia, utilizando um barco-hotel de três andares que percorre aproximadamente 3.500 quilômetros. A iniciativa, parte do programa “Araguaia Vivo 2030”, visa mapear a vegetação aquática, avaliar a qualidade dos lagos e estudar a recuperação do rio após períodos de estiagem. O objetivo é fornecer dados que auxiliem na conservação e no desenvolvimento sustentável da região.
O coordenador do projeto, professor Ludgero Cardoso Galli Vieira, destaca a importância da colaboração entre prefeituras, estados e agências de financiamento para equilibrar o crescimento econômico com a preservação ambiental. Vieira possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Goiás, mestrado em Biologia com ênfase em Ecologia pela Universidade Federal de Goiás e doutorado em Ciências Ambientais pela mesma instituição. Atualmente, é professor associado na Universidade de Brasília, atuando nos programas de pós-graduação em Ciências Ambientais e Ecologia.
A expedição, que teve início em fevereiro de 2025, reúne 35 pesquisadores de diversas universidades brasileiras. Alguns especialistas permanecem a bordo durante todo o mês, especialmente aqueles que desenvolvem metodologias mais complexas. O trabalho é realizado em parceria com a Aliança Tropical de Pesquisa da Água (Tropical Water Research Alliance – TWRA), que integra mais de 200 pesquisadores do Brasil e da Austrália.
Um dos estudos em destaque é conduzido pelo pesquisador Lucas Tabeira Monteiro, que investiga a concentração de mercúrio nos peixes do Rio Araguaia. Em 2023, Monteiro identificou níveis preocupantes do metal nos peixes e, neste ano, ampliou a pesquisa para analisar os sedimentos no fundo do rio e dos lagos. Os resultados indicam que o desmatamento e a conversão de áreas naturais para agricultura e pecuária são os principais fatores que contribuem para o aumento da concentração de mercúrio nos sedimentos. Na região do Araguaia, a proporção de metilmercúrio encontrada é de até 22%, significativamente maior que os 1% a 2% observados na Amazônia.
O programa “Araguaia Vivo 2030” surgiu de uma parceria entre a TWRA e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG). Desde 2022, o programa realiza expedições anuais para coletar dados ambientais e de biodiversidade aquática na região do médio Araguaia. A expedição de 2025 é considerada a maior já realizada no rio, abrangendo cerca de 150 lagos conectados aos rios e percorrendo áreas nos estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Pará.
Além das pesquisas científicas, a expedição busca estreitar a comunicação com gestores públicos, empresários, agricultores e a sociedade em geral, promovendo um desenvolvimento sustentável que preserve os recursos hídricos e a biodiversidade da Bacia do Rio Araguaia para as futuras gerações.
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