Produto queridinho de dietas teve maior aumento entre hortigranjeiros, segundo levantamento do Prohort. Goiás lidera alta e mercado sente impacto no bolso do consumidor.
Por Fernanda Cappellesso
Para o Diário Tocantinense
O consumidor goiano está pagando mais caro pela batata-doce. Segundo levantamento do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), da Conab, o preço do produto subiu até 30% em algumas centrais de abastecimento do país, com Goiás liderando o ranking das altas.
A valorização tem origem dupla: clima instável na fase de colheita e crescimento da demanda por alimentos saudáveis. O resultado foi uma oferta reduzida em diversos entrepostos e uma escalada nos preços que impacta desde feirantes até supermercados e consumidores finais.
Goiás puxa alta nacional da batata-doce
Na CEASA-GO (Goiânia), o quilo da batata-doce chegou a R$ 4,62, valor que representa aumento de mais de 27% em relação à média de março, segundo os dados coletados no último boletim diário de preços dos hortigranjeiros.
Em comparação com outras praças importantes:
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São Paulo (CEAGESP): R$ 3,80/kg
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Brasília (CEASA-DF): R$ 4,30/kg
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Belo Horizonte (CEASAMINAS): R$ 3,40/kg
O cenário se repete em outras cidades do Centro-Oeste e Sudeste, mas a intensidade da alta em Goiás tem chamado atenção. A elevação também afeta o custo de pratos prontos, marmitas fitness e lanches naturais — nichos que utilizam o tubérculo como substituto do arroz ou da mandioca.
Demanda por alimentação saudável aquece o mercado
Com o aumento do consumo por parte de pessoas que seguem dietas restritivas ou hipocalóricas, a batata-doce consolidou-se como um dos produtos mais buscados em feiras e redes de varejo alimentar.
“Tem semanas que o preço dobra. Quem compra para revender já sente o impacto. A batata-doce virou queridinha do pessoal da academia, e a procura está maior do que a oferta”, explica Rogério Lima, feirante da região central de Goiânia.
A nutricionista Isadora Mendonça, especializada em alimentação funcional, aponta que o alimento ganhou status de “carboidrato do bem”, especialmente entre praticantes de musculação e pessoas em processo de reeducação alimentar. “É um tubérculo rico em fibras, tem baixo índice glicêmico e ajuda no controle da saciedade. Natural que o consumo tenha aumentado, mas a escalada de preços preocupa quem depende do alimento diariamente”, avalia.
Instabilidade climática e oferta reduzida afetam a colheita
Outro fator apontado pelo Prohort é o impacto do clima. Chuvas irregulares e calor excessivo nas regiões produtoras comprometeram parte das lavouras e reduziram a produtividade.
Segundo o engenheiro agrônomo Luiz Aurélio Fernandes, da Emater-GO, a batata-doce exige ciclos regulares de temperatura e umidade. “Em áreas como o sudoeste goiano e o entorno de Anápolis, houve relatos de perdas acima de 20% em lavouras familiares, o que pressiona o abastecimento regional.”
Impacto na cesta básica e alerta para inflação dos hortifrútis
Embora não seja item da cesta básica tradicional, a batata-doce tem peso crescente no cardápio dos brasileiros e começa a entrar no radar da inflação de alimentos. A Conab monitora os efeitos da alta nos índices de preço ao consumidor (IPC) e nos índices gerais de preços (IGP).
Outros produtos também apresentam alta, como:
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Cenoura: até 17% de aumento em determinadas capitais
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Tomate: com tendência de elevação no Sudeste
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Quiabo e pimentão: oscilando acima de 10% em regiões do Norte e Nordeste
Preços no atacado: comparativo regional
Capital / CEASA | Preço por kg da batata-doce | Variação |
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Goiânia (GO) | R$ 4,62 | +27% |
São Paulo (SP) | R$ 3,80 | +15% |
Belo Horizonte (MG) | R$ 3,40 | +12% |
Brasília (DF) | R$ 4,30 | +20% |
Palmas (TO) | R$ 3,00 | +10% |
Fonte: Prohort/Conab – Abril de 2025
Expectativa: preços devem se manter elevados até maio
Especialistas preveem que o preço da batata-doce continue elevado ao menos até a entrada da próxima safra de inverno, em maio e junho. Para o consumidor, a orientação é buscar alternativas nutricionais e comparar valores entre feiras livres e supermercados.
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