A pré-campanha no Tocantins já se desenha com nitidez nos bastidores de Brasília e ganha velocidade nas articulações internas. A confirmação da pré-candidatura do deputado federal Carlos Gaguim (União Brasil) ao Senado e da senadora Professora Dorinha (UB) ao Governo marca a consolidação do projeto nacional do União Brasil para o estado e acende o sinal de alerta nos grupos adversários. Com apoio declarado do presidente nacional do partido, Antônio Rueda, e do vice-presidente ACM Neto, a movimentação foi endossada por unanimidade na bancada federal e simboliza o alinhamento entre a executiva estadual e a nacional.
“Estamos juntos nessa jornada ao lado do presidente Rueda e do ACM Neto, com toda a bancada de deputados e senadores”, afirmou Gaguim, ao anunciar a dobradinha com Dorinha.
O nome de Mila Rueda, irmã do presidente do partido, já está definido como primeira suplente de Gaguim, em mais um gesto de blindagem política da cúpula nacional do UB. A transferência de domicílio eleitoral da dirigente para o Tocantins é indicativo de que o plano é para valer — e com investimento pesado.
Disputa pelo DNIT expôs o racha subterrâneo
Nos bastidores, a queda de Renan Bezerra de Melo Pereira do comando do DNIT no Tocantins após a tragédia da ponte JK serviu de gatilho para um novo round entre lideranças da base do governo federal no estado. O Ministério dos Transportes decidiu pela exoneração antes mesmo da conclusão da sindicância, em uma medida política com efeito simbólico: alguém teria que pagar o preço. E não seria o ministro Renan Filho.
A briga pela cadeira no DNIT revelou uma triangulação silenciosa entre Carlos Gaguim, Alexandre Guimarães (MDB)e o senador Irajá (PSD). Gaguim tentou manter o substituto interino, Flávio Ferreira Assis, mas esbarrou na origem da indicação: o governo Bolsonaro. Guimarães já havia tentado emplacar o cargo no início do governo Lula, sem sucesso. Desta vez, tampouco conseguiu.
No final, o nome escolhido foi o de Luiz Antonio Ehret Garcia, técnico de carreira e nome neutro, o que indica que o Planalto optou por evitar desgaste com a bancada tocantinense.
Wanderlei joga parado, mas mira Amélio
No campo palaciano, Wanderlei Barbosa (Republicanos) ensaia movimentos comedidos, mas não esconde suas preferências. No aniversário do senador Eduardo Gomes, o governador deixou claro que seu voto para o Senado é com o próprio aniversariante, descartando-o, portanto, como nome ao Executivo. Em outra fala, citou que “não existe G5, mas G139”, em referência aos prefeitos das 139 cidades — uma tentativa de neutralizar o peso político do grupo formado pelos gestores das cinco maiores prefeituras, que já declararam apoio a Dorinha.
Mas o clima de dúvida se esvaiu para quem esteve no evento: o nome de Wanderlei para disputar o governo é mesmo o do presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres.
Irajá dispara: “Não jogo futebol nem inauguro banco de praça”
No tom mais ácido da semana, o senador Irajá Silvestre voltou a mirar no governador. Durante a entrega de uma policlínica em Formoso do Araguaia, lançou farpas diretas:
“Eu não tenho culpa de ter um governador que não sabe dar expediente. […] Não fico perdendo tempo inaugurando banco de praça e jogando futebol. Nós temos que garantir saúde de verdade.”
O programa “Saúde Já”, que ele lidera, promete atender 30 mil tocantinenses nos próximos 12 meses — uma ofensiva clara para marcar território em áreas tradicionalmente dominadas pela estrutura estadual.
MDB de Porto Nacional firme com Guimarães
Em meio ao tensionamento no partido, o MDB de Porto Nacional, liderado por Arlindo Lopes, segue ativo e alinhado à direção estadual. O diretório municipal está regularizado e com mandato vigente por mais dois anos, fato que fortalece o nome de Alexandre Guimarães, mesmo diante das investidas de Irajá pela federação entre PSD e MDB.
Coluna em uma frase:
“A campanha não começou oficialmente, mas os palanques já estão sendo erguidos nos bastidores.”
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