O mês de maio abre com movimentações decisivas no cenário político tocantinense. A intensificação das pré-candidaturas para 2026 já impacta tanto os bastidores institucionais quanto os tabuleiros partidários — e até o futebol entrou na linha de fogo. Nos dois casos, o pano de fundo é o mesmo: projeção de poder e antecipação estratégica.
Palácio em disputa: trinca de forças se forma

O governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), embora evite comentar o pleito de 2026, é peça central no alinhamento das forças. Seus aliados têm articulado espaço e reforçado o discurso de continuidade, sobretudo com o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres, que também figura como pré-candidato. Dorinha Seabra (União) e Irajá Abreu (PSD) completam o trio que polariza a corrida ao Palácio Araguaia.
Entre os nomes que crescem na base progressista está o de José Salomão (PT), de Dianópolis, cotado para disputa à Câmara Federal. Na oposição, o ex-prefeito de Araguaína Ronaldo Dimas (PL) permanece silencioso, mas interlocutores indicam articulações discretas. Já prefeitos de cidades médias e grandes avaliam saltos maiores: Célio Morais (gestor de Paraíso) é um exemplo. Ele já confirmou pré-candidatura a deputado federal.
Senado com disputa aberta

O Senado será outro campo competitivo. Hoje, há pelo menos cinco nomes em conversas para disputar as duas vagas em jogo: Eduardo Gomes (PL), Vicentinho Júnior (PP), Alexandre Guimarães (sem partido definido), Carlos Gaguim (UB) e outros cotados. A movimentação gira em torno da força de base nos municípios e da retaguarda partidária nacional.
Crise no futebol expõe embate institucional
Paralelamente às movimentações políticas tradicionais, um episódio envolvendo a Federação Tocantinense de Futebol (FTF) colocou o nome de Amélio Cayres no centro de outra polêmica: a assembleia da FTF, realizada no fim de abril, aprovou uma moção de apoio à atual diretoria e repudiou declarações de críticos, incluindo o próprio presidente da Aleto. A diretoria classificou os críticos como “pessoas que nunca estiveram na sede da entidade” e exaltou Leomar Quintanilha, presidente da FTF, como “visionário”.
O ponto de maior atrito foi o questionamento público, por parte de vereadores de Araguaína e do deputado Amélio, ao suposto salário de R$ 215 mil recebido por Quintanilha — valor que a entidade negou, sem detalhar os números reais. A defesa veemente da FTF, que incluiu palavras como “baluartes” e “força do futebol”, foi lida nos bastidores como tentativa de politizar o debate e proteger a imagem da instituição em ano pré-eleitoral.
Alianças ainda em construção
Com todas essas frentes abertas, a palavra que define o momento é articulação. Grupos estão em campo montando majoritárias, buscando composições que não sacrifiquem os espaços locais. O eixo da disputa passa, portanto, pelo poder de mobilização e fidelização nas bases. Até agosto, a tendência é que mais prefeitos e ex-prefeitos se lancem, ampliando o mapa de pré-candidaturas.
Mais do que nunca, os próximos meses serão decisivos para compreender como se alinharão os campos da direita institucional, da centro-esquerda e das forças independentes — e qual será o impacto de atores periféricos, como sindicatos, federações e lideranças religiosas.
📌 Ricardo Fernandes é analista político e editor da Coluna “Olho na Política”, com foco em bastidores, articulações partidárias e leitura estratégica dos cenários eleitorais no Tocantins.
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