Censo 2022 revela perfil demográfico promissor e infraestrutura básica deficiente. Apenas 13% têm esgotamento sanitário adequado; 45% não recebem água encanada dentro de casa.
No Tocantins, 43% da população quilombola têm até 24 anos de idade, o que indica um perfil jovem e potencialmente produtivo. No entanto, dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE revelam um contraste preocupante: essa juventude vive majoritariamente sem acesso a esgoto adequado e com limitações no abastecimento de água potável.
Dos 13.077 quilombolas identificados no estado, apenas 13,1% residem em domicílios com esgotamento sanitário por rede ou fossa adequada. Isso significa que 86,9% ainda dependem de fossas rudimentares, valas, rios ou vivem sem qualquer tipo de escoamento sanitário — situação mais grave na zona rural, onde 93,9% não têm acesso a um sistema apropriado.
O abastecimento de água também é falho. Enquanto 84% da população geral do estado recebe água encanada até dentro de casa, entre os quilombolas o índice cai para 54,8%. Os demais utilizam fontes alternativas, como carros-pipa, águas pluviais ou rios — formas de captação que apresentam risco à saúde.
Perfil demográfico e desafios estruturais
Apesar das carências, o retrato demográfico quilombola é dinâmico. A maior parcela da população está concentrada entre 15 e 19 anos (10,1%), seguida pelas faixas de 10 a 14 anos (8,9%) e de 5 a 9 anos (8,4%). A idade mediana dos quilombolas do Tocantins é de 29 anos — abaixo da média nacional, de 31.
A taxa de alfabetização entre pessoas com 15 anos ou mais é de 83,4%. Dentro de territórios quilombolas, o índice cai para 72,5%, enquanto fora deles chega a 84,6%. O registro de nascimento também é quase universal: das 1.182 crianças com até cinco anos, apenas seis não tinham certidão de nascimento em 2022.
Moradia e composição familiar
Os dados mostram que o modelo de moradia também apresenta especificidades: a média de moradores por domicílio quilombola é de 3,22 pessoas. Em territórios oficialmente reconhecidos, a média sobe para 3,31. A maioria das casas (61,1%) tem a presença do responsável e do cônjuge; 29,9% seguem a composição tradicional de casal com filhos.
Saneamento e dignidade
No destino do lixo, 73,8% das casas quilombolas contam com coleta direta ou depósito em caçamba. Contudo, dentro de territórios, mais da metade dos resíduos ainda é queimada, enterrada ou descartada em terrenos baldios.
Entre agosto de 2021 e julho de 2022, foram contabilizados 97 óbitos em domicílios quilombolas, sendo 65,9% entre pessoas com 60 anos ou mais. Os homens foram maioria entre os falecidos (57 registros).
O levantamento evidencia um ponto-chave: apesar de jovens, os quilombolas do Tocantins seguem marginalizados no acesso a direitos básicos, como saneamento, saúde ambiental e infraestrutura digna. Os dados reforçam a necessidade de políticas públicas focalizadas e contínuas para essa parcela invisibilizada da população.
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