A América do Sul está prestes a atingir números históricos na área plantada e na produção de soja para a safra 2024/25, segundo as projeções da consultoria agrícola DATAGRO, que atua em mais de 50 países. A estimativa inicial aponta que a área destinada ao cultivo de soja na região será de 71,4 milhões de hectares, um aumento de 4% em relação à safra anterior, que registrou 68,7 milhões de hectares.
O economista especializado em agronegócio, Ricardo Silveira, destaca o impacto positivo das condições atuais para o crescimento da produção. “Há uma convergência de fatores favoráveis, como clima e preços, além de uma demanda global consistente. Mesmo com a leve queda no valor da soja, os produtores ainda conseguem garantir boas margens de lucro, o que incentiva a expansão da área plantada”, afirma Silveira.
O relatório da DATAGRO Grãos também reforça a expansão praticamente homogênea da área plantada em todos os países da América do Sul, com exceção do Uruguai, que deve manter sua estabilidade. A redução nos custos de insumos como defensivos agrícolas e fertilizantes é outro fator que contribui para essa projeção otimista. Além disso, a menor atratividade do milho, que teve uma queda de preço maior que a soja, redireciona o foco dos produtores para o grão.
A situação é particularmente vantajosa para a Argentina, onde a possível eliminação das “retenciones” (impostos sobre exportação) pode aumentar a competitividade dos agricultores locais. “Se a Argentina realmente reduzir esses impostos, os produtores terão um impulso significativo, aumentando a lucratividade e a área plantada”, ressalta o economista.
Com essas condições, a produção de soja na América do Sul deverá atingir 237,8 milhões de toneladas na safra 2024/25, um aumento de 10% em relação às 216,6 milhões de toneladas da safra anterior. A produtividade média também deve bater recordes, com uma projeção de 3.331 kg/ha, superando o recorde anterior de 2019, que foi de 3.251 kg/ha.
Brasil é o maior produtor de soja do continente
No Brasil, o principal produtor do continente, a área destinada ao cultivo de soja deverá crescer 2%, passando de 46,3 milhões para 47 milhões de hectares. “O Brasil segue em uma trajetória contínua de crescimento. Se essa projeção se concretizar, será o 18º ano consecutivo de expansão de área plantada, com destaque para a substituição de pastagens e a integração lavoura-pecuária”, explica Silveira. A produção brasileira de soja está projetada para alcançar 167,1 milhões de toneladas, um aumento de 11% em relação à safra 2023/24, que foi de 150 milhões de toneladas.
Essa expansão do cultivo, impulsionada por fatores econômicos e climáticos favoráveis, fortalece a posição da América do Sul como uma das principais regiões produtoras de soja no mundo. “O continente, especialmente o Brasil, tem potencial para continuar liderando o mercado global de soja, com uma combinação de eficiência produtiva, aumento de área plantada e manutenção de uma demanda global forte”, conclui Ricardo Silveira.
Esses dados reforçam a relevância da safra 2024/25, que se desenha como uma das maiores da história da América do Sul, confirmando a região como potência no mercado global de soja.
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