O Halloween, comemorado em 31 de outubro, é uma das datas mais populares nos Estados Unidos, com impacto cultural e econômico significativo. A tradição, que envolve fantasias, decoração e o famoso “trick-or-treat” (doce ou travessura), é celebrada em grande estilo nos EUA, onde milhões de pessoas se preparam para eventos que movimentam o comércio e unem a comunidade. No Brasil, porém, a celebração divide opiniões, especialmente entre evangélicos que questionam suas raízes e significados. Entenda o sucesso da data nos EUA e a origem das controvérsias no Brasil.
História do Halloween: raízes celtas e a popularização nos EUA
A origem do Halloween remonta ao antigo festival celta de Samhain, celebrado há mais de 2.000 anos na região que hoje abrange Irlanda, Reino Unido e França. O festival marcava o fim do verão e o início do inverno, período associado à morte na cultura celta. Nessa data, acreditava-se que as fronteiras entre o mundo dos vivos e dos mortos se tornavam mais tênues, permitindo que os espíritos vagassem pela Terra. Os celtas acendiam fogueiras e usavam fantasias para afastar esses espíritos.
Com a expansão do cristianismo, o festival foi incorporado ao calendário religioso, dando origem ao Dia de Todos os Santos, em 1º de novembro, e ao Dia de Finados, em 2 de novembro. A noite de 31 de outubro, portanto, passou a ser conhecida como “All Hallows’ Eve” (véspera de Todos os Santos), que eventualmente se transformou em Halloween. Nos Estados Unidos, a tradição foi levada por imigrantes irlandeses no século XIX e, ao longo do tempo, foi se popularizando e ganhando os elementos que conhecemos hoje, como abóboras esculpidas e fantasias.
Por que o Halloween é tão popular nos EUA?
A popularidade do Halloween nos Estados Unidos pode ser explicada pela fusão de tradições culturais e pelo apelo visual e lúdico da data. É uma festa democrática e inclusiva: crianças e adultos de todas as classes sociais participam. Um dos aspectos mais emblemáticos é o “trick-or-treat”, quando crianças fantasiadas batem de porta em porta pedindo doces. Este costume, que incentiva a interação entre vizinhos e promove um sentimento de comunidade, contribui para o entusiasmo em torno da data.
Além disso, o Halloween representa um impulso significativo para a economia americana. De acordo com a National Retail Federation (NRF), em 2023, os gastos relacionados ao Halloween ultrapassaram US$ 10 bilhões, incluindo fantasias, decorações, doces e eventos especiais. Esse movimento beneficia desde grandes varejistas até pequenos negócios, consolidando o Halloween como uma das datas mais lucrativas do calendário comercial dos EUA.
O Halloween no Brasil: uma celebração controversa entre evangélicos
Enquanto o Halloween é amplamente comemorado nos EUA, no Brasil, a data ainda enfrenta resistência, especialmente entre evangélicos que questionam suas origens pagãs e simbologia. Para muitos líderes religiosos brasileiros, o Halloween representa uma exaltação de temas associados à morte e ao ocultismo, incompatíveis com os ensinamentos cristãos. A celebração, com fantasias de monstros, demônios e bruxas, é vista por esses grupos como uma prática que contraria os valores da fé.
De acordo com o pastor Paulo Oliveira, de São Paulo, o Halloween “traz uma cultura de valorização do medo e da escuridão, elementos que vão contra a mensagem evangélica de luz e vida.” Ele observa que, embora muitos jovens participem da festa de forma lúdica, o simbolismo por trás das fantasias e decorações pode causar desconforto entre evangélicos mais tradicionais. Segundo Oliveira, a introdução de festas de Halloween em escolas e espaços públicos no Brasil também gera preocupação entre pais e educadores que buscam preservar valores evangélicos.
A visão de sociólogos sobre a popularização do Halloween e a reação no Brasil
Sociólogos observam que o crescimento do Halloween no Brasil reflete, em parte, uma maior abertura cultural, especialmente entre os mais jovens, que são expostos a tradições globais por meio de filmes, séries e redes sociais. Para a socióloga Luana Lima, “o Halloween é um exemplo claro de como a cultura globalizada influencia comportamentos, e o Brasil, como um país diverso, naturalmente adota e adapta celebrações de outras culturas.”
Lima destaca que, embora muitos evangélicos resistam à data, o Halloween se populariza nas cidades brasileiras de forma leve, sem o peso das origens pagãs. “O Brasil possui uma tradição religiosa forte, mas o Halloween é visto por muitos como uma diversão inocente. Muitos jovens o encaram apenas como uma oportunidade de se vestir de maneira criativa e aproveitar com os amigos”, afirma Lima.
Já o sociólogo Eduardo Vieira sugere que a resistência entre evangélicos ao Halloween também pode ser entendida como um reflexo da busca pela preservação dos valores locais em uma época de grande influência externa. “Essa rejeição ao Halloween pode ser vista como uma defesa cultural. Há um receio entre alguns segmentos de que tradições estrangeiras acabem substituindo festividades brasileiras, especialmente quando associadas a valores diferentes dos que esses grupos defendem,” explica Vieira.
A influência cultural americana e a resposta brasileira
A popularização do Halloween no Brasil é, em grande parte, resultado da influência cultural dos EUA, difundida por meio de filmes, séries e redes sociais. Muitas escolas, especialmente as de idiomas, organizam festas de Halloween para seus alunos, promovendo atividades como festas à fantasia e decoração temática. Para crianças e adolescentes, a data é divertida e atrativa, mas, para segmentos evangélicos, o Halloween ainda é visto como um evento que reforça valores distantes da cultura brasileira.
A Igreja Católica no Brasil, assim como algumas denominações evangélicas, tem promovido alternativas ao Halloween, como a festa do “Dia dos Santos”. Este evento celebra a memória dos santos cristãos, substituindo os símbolos de terror por mensagens de fé e luz. Em diversas cidades brasileiras, paróquias e comunidades religiosas realizam eventos que incentivam crianças a se vestirem como santos e participarem de atividades voltadas para a educação religiosa. A ideia é que os jovens tenham uma opção de celebração alinhada aos valores evangélicos.
Halloween é um fenômeno cultural que teve adaptações
O Halloween, amplamente celebrado nos EUA, tem raízes culturais e econômicas que explicam sua popularidade. Já no Brasil, onde o contexto religioso é fortemente influenciado pelo cristianismo, a data é vista com cautela por muitas famílias e instituições. Ainda assim, a globalização e o apelo lúdico da data vêm promovendo uma adaptação do Halloween entre os brasileiros, com algumas escolas e festas aderindo ao tema de maneira superficial.
Para os evangélicos brasileiros, o Halloween continuará a ser uma celebração controversa, enquanto para os jovens e adeptos da cultura pop, representa mais uma oportunidade de se conectar com uma tradição estrangeira divertida.
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