A China e o Brasil negociaram o envio de um casal de pandas gigantes como parte da chamada “diplomacia do panda”, mas entraves financeiros atrasaram o projeto. A iniciativa, que seria um marco na relação entre os dois países, foi planejada para coincidir com a visita do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil em novembro de 2024, mas os custos estimados em US$ 1 milhão (R$ 5,8 milhões) anuais inviabilizaram sua implementação imediata.
Por que o envio de pandas é relevante?
Os pandas gigantes são um dos maiores símbolos da China, usados como ferramenta diplomática para estreitar laços internacionais. O empréstimo desses animais transcende a política, representando também um compromisso com a preservação ambiental e a educação. Para o Brasil, receber os pandas marcaria mais de 50 anos de relações diplomáticas com a China, além de atrair atenção para o turismo e os zoológicos do país.
Segundo o especialista em diplomacia internacional, Marcos Torres, professor da Universidade de Brasília (UnB), “a diplomacia do panda é uma forma simbólica de consolidar relações bilaterais, indicando confiança mútua. O envio dos pandas reforça a narrativa de parceria estratégica e aproximação entre China e Brasil, sobretudo em um momento em que o país asiático busca expandir sua influência na América Latina.”
Os desafios financeiros e logísticos
Manter pandas gigantes exige uma infraestrutura específica e um alto custo anual. Entre os desafios estão:
- Infraestrutura especializada: É necessário criar habitats que reproduzam o ambiente natural dos pandas, com controle de temperatura e acesso a bambu fresco.
- Monitoramento contínuo: Veterinários chineses realizam check-ups regulares e vistorias nas instalações.
- Conservação global: Em caso de reprodução, os filhotes pertencem à China e devem ser devolvidos para integrar os programas de conservação.
No Brasil, zoológicos em São Paulo, Rio de Janeiro e Cotia disputaram o direito de abrigar os pandas. O parque em Cotia, próximo à represa de Guarapiranga, lidera as negociações, mas a área ainda precisa de urbanização e pode levar até dois anos para estar pronta.
Diplomacia do panda: um gesto de amizade
Desde os anos 1970, a China utiliza os pandas como símbolo de aproximação diplomática. Atualmente, 26 instituições em 20 países, incluindo Alemanha, Estados Unidos e Espanha, participam do programa. Em 1972, o envio de pandas marcou o início das relações diplomáticas entre a China e os EUA, durante a histórica visita do presidente Richard Nixon a Pequim.
Segundo Marcos Torres, “a diplomacia do panda é uma forma de projetar a imagem da China como uma potência comprometida com o diálogo e a cooperação global. Para o Brasil, receber os pandas seria um reforço da parceria com o maior parceiro comercial do país.”
Impacto dos pandas no Brasil
Além de seu simbolismo diplomático, os pandas têm o potencial de atrair milhões de visitantes aos zoológicos brasileiros, gerando receita e promovendo a conscientização ambiental. Para o público, seria uma oportunidade única de conhecer de perto uma espécie emblemática, enquanto para o Brasil, seria uma demonstração de sua relevância como parceiro estratégico da China.
A chegada dos pandas também poderia coincidir com a Cúpula do BRICS, em julho de 2025, quando Xi Jinping deve retornar ao Brasil. Essa ocasião poderia ser o momento ideal para formalizar o envio e inaugurar o habitat dos pandas.
Embora o projeto de envio de pandas ao Brasil tenha sido adiado por questões financeiras, ele permanece como uma possibilidade futura que simboliza amizade, cooperação e compromisso com a conservação global. Especialistas destacam que a chegada dos pandas fortaleceria a relação entre Brasil e China, consolidando uma parceria estratégica com benefícios culturais, ambientais e econômicos.
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