O Vaticano confirmou nesta terça-feira, 15 de abril de 2025, que o Papa Francisco redigiu pessoalmente as meditações que serão lidas durante a tradicional Via-Sacra no Coliseu de Roma, na próxima Sexta-feira Santa. Aos 88 anos e em meio a um delicado processo de recuperação de saúde, o pontífice optou por acompanhar a celebração à distância, delegando as cerimônias centrais da Semana Santa a cardeais de confiança.
De acordo com a Sala de Imprensa da Santa Sé, Francisco apresenta melhora contínua, especialmente nas funções motoras, respiratórias e vocais. O uso de oxigênio, antes constante, tem sido necessário apenas em períodos noturnos e situações específicas, o que evidencia um progresso positivo em seu quadro clínico. Apesar disso, médicos e assessores próximos consideraram prudente que o Papa não presida diretamente as celebrações litúrgicas mais exigentes do calendário católico.
Celebrações com cardeais no comando
A Santa Sé anunciou que as principais celebrações do Tríduo Pascal serão conduzidas por cardeais designados especialmente para este momento. A Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, será presidida pelo cardeal Domenico Calcagno. A Celebração da Paixão do Senhor, na Sexta-feira Santa, ficará sob a responsabilidade do cardeal Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais. Já a Via-Sacra no Coliseu será conduzida pelo cardeal Baldo Reina, vice-regente da Diocese de Roma.
O Papa Francisco permanecerá na Casa Santa Marta, onde assistirá às cerimônias por meio de transmissões internas do Vaticano. Apesar de ausente fisicamente, ele acompanha de perto os preparativos e contribuiu com orientações pastorais, sobretudo nas reflexões espirituais que marcarão a Via-Sacra.
Meditações escritas pelo Papa: compaixão e esperança
As meditações da Via-Sacra serão divulgadas ao meio-dia da Sexta-feira Santa (horário local). Embora o conteúdo ainda não tenha sido revelado, fontes próximas ao pontífice indicam que os textos trarão mensagens centradas na compaixão, na solidariedade com os marginalizados e na esperança como força espiritual diante das adversidades — temas recorrentes ao longo do pontificado de Francisco.
Segundo especialistas em liturgia vaticana, o gesto de escrever pessoalmente as meditações — mesmo em convalescença — reflete o estilo pastoral do Papa, que valoriza a linguagem acessível e a profundidade espiritual. As estações da Via-Sacra, que tradicionalmente relembram os passos de Jesus rumo à crucificação, terão abordagem voltada às dores contemporâneas do mundo, como a guerra, a pobreza, as migrações forçadas e a solidão.
Recuperação sob vigilância e apoio internacional
A saúde do Papa tem sido tema de atenção constante nas últimas semanas. Internado brevemente em março para exames respiratórios, Francisco tem seguido uma rotina médica controlada, com fisioterapia e acompanhamento pulmonar. De acordo com boletim divulgado pelo Vaticano, o pontífice está “em processo gradual de recuperação” e não apresenta sinais de agravamento clínico.
A comunidade católica internacional, bem como líderes de outras religiões, têm manifestado apoio e orações pela recuperação do Papa. Em diversas dioceses pelo mundo, missas e vigílias foram realizadas em sua intenção. Em nota, a Conferência Episcopal Latino-Americana (CELAM) ressaltou a importância da liderança espiritual de Francisco neste momento de transição e instabilidade global.
Tradição no Coliseu: símbolo de fé e resistência
A Via-Sacra no Coliseu é uma das cerimônias mais simbólicas da Semana Santa no Vaticano. Realizada desde 1964 no anfiteatro romano, a celebração remonta à tradição dos cristãos perseguidos no Império Romano. O local, que já foi palco de martírios, hoje se transforma, anualmente, em espaço de meditação, oração e reconciliação.
O Papa João Paulo II foi o primeiro a presidir a cerimônia moderna da Via-Sacra no Coliseu de forma regular, hábito mantido por Bento XVI e Francisco. Em 2023, Francisco participou da celebração mesmo com limitações físicas, conduzindo parte da liturgia em cadeira de rodas. Neste ano, a expectativa é de uma presença simbólica, por meio dos textos e da participação remota.
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