A investigação da Polícia Federal (PF) sobre descontos irregulares em benefícios do INSS revelou um esquema bilionário que afetou cerca de 9 milhões de aposentados e pensionistas em todo o país. O prejuízo estimado é de R$ 8 bilhões, resultado de cobranças não autorizadas realizadas por associações e sindicatos por meio de convênios com o INSS.BBC
Esquema de descontos indevidos
As entidades envolvidas firmavam Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS, permitindo descontos diretos nos benefícios dos segurados. No entanto, muitos desses descontos foram realizados sem o consentimento dos aposentados, utilizando dados falsos e assinaturas forjadas. A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou que, entre 2019 e 2024, cerca de R$ 6,3 bilhões foram desviados por meio desses descontos irregulares.
Investigação e operação policial
A “Operação Sem Desconto”, deflagrada em abril de 2025, cumpriu 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal. A PF apreendeu veículos de luxo, joias e dinheiro em espécie, além de documentos que comprovam o esquema de fraudes. Entre os alvos da operação estão entidades como a Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil (Conafer), que teve um crescimento anormal no número de filiados e nos valores arrecadados por meio de descontos em benefícios.
Consequências e medidas adotadas
Como resultado das investigações, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido, e o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu exoneração do cargo. O governo nomeou Gilberto Waller Júnior como novo presidente do INSS e Wolney Queiroz como ministro da Previdência. Além disso, o INSS suspendeu os descontos associativos e iniciou um processo de ressarcimento aos beneficiários lesados, que podem solicitar a devolução dos valores por meio do aplicativo Meu INSS, pelo telefone 135 ou diretamente nas agências.
Desdobramentos políticos
O escândalo gerou repercussão no Congresso Nacional, com a oposição protocolando um pedido para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar as fraudes no INSS. O governo, por sua vez, articula para barrar a instalação da comissão, temendo desgaste político .
A investigação continua em andamento, com a PF e a CGU analisando documentos e fluxos financeiros para identificar todos os envolvidos no esquema e recuperar os recursos desviados.
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