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Bonecos reborn refletem angústias contemporâneas e expõem dilema entre terapia, julgamento e saúde mental

Para especialistas, fenômeno revela mais sobre a sociedade do que sobre o indivíduo — e desafia os limites entre acolhimento e estigma social. Pesquisa mostra que 49% acreditam que o apego deve ser desencorajado, e 31% veem risco de dano emocional.

Enquanto o debate sobre os bebês reborn ganha força nas redes sociais e provoca reações divididas, psicólogos e pesquisadores apontam que o fenômeno revela mais sobre as fragilidades emocionais da sociedade contemporânea do que sobre o comportamento individual.

— Estamos vivendo um tempo de solidão crônica, vínculos frágeis e sobrecarga emocional. O apego a objetos que simulam afeto, como os reborns, é muitas vezes uma tentativa inconsciente de controlar o imprevisível, de construir vínculos que não ofereçam risco de frustração — avalia a psicóloga e pesquisadora em saúde mental coletiva, Dra. Vanessa Moura.

A resistência, no entanto, é evidente. Dados da pesquisa da Hibou revelam que 49% dos brasileiros acreditam que o apego afetivo aos bonecos deve ser desencorajado. Outros 31% consideram que a prática pode gerar danos emocionais. A rejeição se manifesta, inclusive, na reação pública: 38% dos entrevistados dizem que se sentiriam desconfortáveis ao ver um adulto empurrando um reborn em um carrinho, embora não reagissem; 12% afirmam que sugeririam que a pessoa repensasse seu comportamento, e 4% dizem que confrontariam diretamente.

Para a psicóloga, a estigmatização do vínculo com os reborns também carrega um componente social e de gênero. — Muitas mulheres recorrem a esses bonecos como uma forma simbólica de enfrentar o luto, preencher vazios emocionais ou amenizar a solidão. No entanto, esse comportamento rapidamente se torna alvo de julgamento, especialmente porque toca em temas sensíveis como maternidade, cuidado e afeto — explica.

A pesquisa reforça essa percepção. Quando perguntados sobre como a sociedade deveria lidar com esse tipo de vínculo, 28% dos entrevistados afirmaram que a prática deveria ser acompanhada por profissionais de saúde, enquanto 17% defendem que só deveria ocorrer em casos específicos, como luto ou apoio terapêutico. Apenas 4% consideram o apego algo legítimo, e 2% entendem que deveria ser incentivado como estratégia terapêutica.

— A pergunta que a sociedade precisa fazer é: o que incomoda tanto? O boneco em si ou o espelho que ele representa sobre as nossas próprias carências emocionais? — provoca Vanessa Moura.

À medida que o fenômeno cresce, o debate se impõe. Entre acolher e patologizar, a discussão ultrapassa os limites do brinquedo e se insere no centro das conversas sobre saúde mental, relações humanas e direito ao afeto não convencional em uma sociedade marcada pela hiperexposição e pela solidão.

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