Goiânia e Brasília — O mercado financeiro voltou a revisar para cima a expectativa de inflação para este ano, ao mesmo tempo em que reduziu a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, de acordo com o Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (3) pelo Banco Central. O relatório reúne projeções de mais de 100 instituições financeiras e consultorias econômicas.
A mediana das estimativas para o IPCA — índice oficial de inflação — subiu de 3,76% para 3,80% em 2024. Para 2025, a expectativa avançou de 3,66% para 3,70%. A taxa Selic, principal instrumento de política monetária, foi mantida em 10,50% ao ano na projeção para o fim de 2024, com aumento nas apostas de estabilidade para os próximos meses.
No câmbio, o dólar teve leve alta e encerrou a manhã negociado a R$ 5,72, refletindo tanto o fortalecimento da moeda americana diante de temores de recessão na Europa quanto o ambiente de aversão ao risco nos mercados emergentes. O euro subiu para R$ 6,18. Já o Bitcoin oscilava próximo dos R$ 610 mil, com volatilidade típica em semanas de divulgação de indicadores norte-americanos.
“O cenário externo mais adverso, somado às incertezas fiscais no Brasil, vem mantendo a curva de juros pressionada. O mercado já precifica menor chance de cortes na Selic este ano”, afirma Paula Alves, economista-chefe da M7 Investimentos.
A previsão de crescimento da economia brasileira caiu de 2,10% para 2,05% em 2024. Para o próximo ano, a mediana recuou de 2,00% para 1,98%. A desaceleração nos setores de varejo e indústria, somada à lenta recuperação da massa salarial, tem limitado o consumo das famílias.
Apesar disso, o núcleo da inflação — que desconsidera itens voláteis como alimentos e combustíveis — segue comportado, o que sustenta uma avaliação de “inflação monitorada”, segundo analistas. O grande ponto de atenção para as próximas semanas será o comportamento do câmbio, em especial se o dólar superar o patamar de R$ 5,80, o que poderia ter impacto direto sobre os preços de importados, passagens aéreas e produtos eletroeletrônicos.
Cenário para o consumidor
A alta do dólar e a manutenção da Selic em patamar elevado afetam diretamente o bolso dos brasileiros. Crédito mais caro dificulta a renegociação de dívidas e retrai o consumo de bens duráveis. Para investidores, o ambiente continua favorável à renda fixa — especialmente títulos indexados ao IPCA —, enquanto o mercado de ações segue pressionado.
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