Acordos bilionários incluem investimentos em energia limpa, tecnologia e infraestrutura. Objetivo é diversificar exportações e reduzir dependência de mercados tradicionais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua mais recente agenda internacional com a assinatura de uma série de acordos com China e Rússia, mirando o fortalecimento das relações comerciais e a ampliação da presença brasileira em cadeias estratégicas da economia global.
Durante a visita oficial a Pequim, Lula participou da formalização de 36 acordos bilaterais com a China, abrangendo áreas como energia renovável, infraestrutura, agricultura, tecnologia e ciência de dados. Os investimentos anunciados pelas empresas chinesas superam R$ 27 bilhões, segundo estimativas do Itamaraty.
Acordos com potencial transformador
Entre os compromissos firmados, está o anúncio da Envision Energy, que deve investir US$ 1 bilhão na produção de combustível sustentável de aviação no Brasil, a partir da cana-de-açúcar. Outro destaque é o projeto da ByteDance, controladora do TikTok, que negocia a instalação de data centers no Porto do Pecém (CE), com aporte previsto de R$ 50 bilhões.
A visita também consolidou entendimentos com a Windey Energy Technology e o Senai Cimatec para o desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia. Os acordos visam inserir o Brasil nas cadeias tecnológicas verdes em fase de expansão global.
Exportações e política comercial
Do ponto de vista comercial, os líderes Lula e Xi Jinping reafirmaram o compromisso com o multilateralismo e o livre comércio, em contraposição ao protecionismo crescente em diversas economias ocidentais. O Brasil negocia a ampliação da exportação de grãos, carnes e minérios para o mercado chinês, principal destino das commodities brasileiras.
Em paralelo, a diplomacia brasileira também se aproximou de Moscou, com discussões em andamento para cooperação em áreas como fertilizantes, defesa e inovação tecnológica. Apesar das pressões geopolíticas, o Planalto busca manter uma posição independente, reforçando o papel do Brasil como parceiro confiável nos BRICS.
Impacto na economia e na geopolítica
Analistas apontam que a reconfiguração das alianças comerciais do Brasil atende a uma estratégia de longo prazo para reduzir a dependência de mercados como Estados Unidos e União Europeia. A diversificação busca garantir estabilidade econômica em cenários de instabilidade cambial e tensões geopolíticas.
Especialistas em comércio exterior consideram os acordos um movimento pragmático. “O Brasil está reposicionando sua diplomacia econômica com foco em investimentos estruturantes e segurança comercial, especialmente no setor de energia e tecnologia”, avalia a professora Júlia Mendes, do Instituto de Relações Internacionais da USP.
Próximos passos
Nos próximos meses, o governo federal pretende consolidar os acordos assinados com rodadas técnicas entre ministérios e representantes estrangeiros. A expectativa é que os primeiros projetos tenham impacto já em 2026, com reflexos diretos na balança comercial e na criação de empregos qualificados.
Com a aproximação de potências do Oriente, Lula sinaliza uma política externa de retomada do protagonismo internacional brasileiro, calcada na diplomacia Sul-Sul e no fortalecimento das exportações com valor agregado.
Link para compartilhar: