Estado reduziu número de pessoas sem instrução e apresentou crescimento na escolarização infantil, mas desigualdades persistem entre gêneros e raças
Palmas (TO) – A taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais no Tocantins caiu de 7,8% em 2023 para 6,6% em 2024, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD). Apesar da melhora, o índice segue acima da média nacional (5,3%) e da média da Região Norte (6,0%).
A pesquisa também aponta que a taxa de analfabetismo entre os idosos do Tocantins — pessoas com 60 anos ou mais — atinge 23,5%, mais de 8 pontos percentuais acima da média nacional (14,9%). É a segunda maior taxa entre os estados da Região Norte, atrás apenas do Acre (28,2%).
Em números absolutos, o total de analfabetos caiu de 96 mil para 84 mil pessoas no período de um ano. A redução de 1,2 ponto percentual na taxa é considerada um avanço, mas revela desafios persistentes, sobretudo no recorte etário e racial.
Instrução cresce entre as mulheres
A média de anos de estudo no Tocantins foi de 9,7 anos, abaixo da média nacional (10,1 anos). O recorte por gênero mostra que as mulheres tiveram média de 10,3 anos, enquanto os homens ficaram com 9,1 anos. A diferença de um ano entre os sexos é maior do que a média nacional.
Quando analisados os dados por cor ou raça, pessoas autodeclaradas brancas apresentaram média de 10,9 anos de estudo, enquanto pretos e pardos marcaram 9,4 anos, revelando um fosso educacional significativo entre os grupos.
População sem instrução e jovens fora da escola
Entre os tocantinenses com mais de 25 anos, a parcela da população sem nenhuma instrução caiu de 9,8% para 7,3% em 2024. No entanto, cresceu o percentual de pessoas com ensino fundamental incompleto, que passou de 27,2% para 29,3%.
A escolarização infantil avançou: 97,1% das crianças entre 4 e 5 anos estavam na escola em 2024 — acima da média nacional de 93,4%. Entre 6 e 14 anos, a taxa foi de 99,7%, e de 92,6% para adolescentes de 15 a 17 anos.
Contudo, a taxa de frequência líquida — que mede se os alunos estão na série adequada para sua idade — revela distorções. Apenas 80,4% dos adolescentes de 15 a 17 anos estavam no ensino médio correspondente. O cenário é ainda mais desigual entre raças: 78,4% dos jovens pretos ou pardos estavam na série correta, contra 90,6% entre brancos.
“Nem-nem”: 70 mil jovens fora do trabalho e da escola
A pesquisa também mostrou que 17,6% dos jovens tocantinenses de 15 a 29 anos estavam fora do mercado de trabalho, da escola ou de cursos de qualificação em 2024 — cerca de 70 mil pessoas. O dado é levemente inferior à média nacional, de 18,5%.
Entre os demais jovens, 24,7% estudavam ou se qualificavam sem estarem empregados; 38,9% trabalhavam, mas não estudavam, e 18,7% conseguiam conciliar trabalho e estudo.
Desafios persistem
Apesar dos avanços em escolarização infantil e na redução do analfabetismo, os dados indicam que o Tocantins ainda enfrenta desigualdades estruturais importantes, especialmente entre idosos, negros e jovens em situação de vulnerabilidade educacional e profissional.
A PNAD reforça a necessidade de políticas públicas específicas para alfabetização de adultos, correção de distorções idade-série e ampliação de oportunidades para jovens fora da escola e do mercado de trabalho.
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