Nos últimos anos, o consumo de peixe no Brasil tem crescido significativamente, impulsionado por fatores como mudanças nos hábitos alimentares, aumento da preocupação com a saúde e a valorização das proteínas de origem sustentável. Esse cenário tem levado à expansão da piscicultura em diversas regiões do país, especialmente no interior, onde pequenos e médios produtores investem para atender à demanda crescente.
Segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), o Brasil registrou um aumento de 7% na produção de peixes de cultivo em 2024, atingindo 910 mil toneladas. O estado do Paraná lidera a produção nacional, seguido por São Paulo, Rondônia e Tocantins, que se destaca pela forte presença da tilápia e do tambaqui.
Principais Desafios dos Piscicultores
Apesar do crescimento do setor, piscicultores enfrentam desafios estruturais que podem limitar o potencial de expansão da atividade. Entre os principais obstáculos estão:
- Alto custo da ração – A alimentação representa cerca de 70% dos custos de produção e sofre influência direta da variação dos preços dos grãos, como soja e milho.
- Infraestrutura limitada – Muitos produtores no interior enfrentam dificuldades com o abastecimento de água, logística e acesso a mercados consumidores.
- Burocracia e licenciamento ambiental – O processo para regularizar a atividade e obter licenças ambientais pode ser moroso e complexo, especialmente para pequenos piscicultores.
- Qualificação da mão de obra – A falta de capacitação técnica em boas práticas de manejo e gestão afeta a produtividade e a qualidade do pescado.
- Oscilações de mercado – A concorrência com pescados importados e as variações sazonais no consumo também influenciam a rentabilidade do setor.
Especialistas Apontam Oportunidades para o Setor
Para entender melhor os desafios e as oportunidades da piscicultura no Brasil, ouvimos especialistas da área.
💬 De acordo com Ricardo Mendes, consultor de mercado da Peixe BR, a diversificação das espécies e o investimento em tecnologia são caminhos para melhorar a competitividade dos produtores nacionais.
“A tilápia continua sendo o carro-chefe da produção nacional, mas espécies como o tambaqui, pirarucu e panga têm ganhado mercado. Além disso, o uso de sistemas de recirculação de água e aeradores eficientestem melhorado a produtividade e reduzido os impactos ambientais”, explica Mendes.
📌 Para Carla Souza, especialista em aquicultura do Sebrae, a organização dos produtores em cooperativas e associações pode facilitar o acesso a crédito e melhorar a distribuição dos produtos.
“Agrupar piscicultores em cooperativas fortalece o setor e reduz os custos com insumos, além de facilitar negociações com grandes redes de supermercados e exportadores”, afirma Souza.
Tocantins como Destaque na Produção de Peixes
O Tocantins tem se consolidado como um dos principais polos da piscicultura no Brasil, especialmente pela produção de espécies nativas como o tambaqui. Com grandes reservatórios de água e clima favorável, o estado tem atraído investimentos e impulsionado a economia local.
Empreendimentos locais estão apostando em tanques-rede e na integração com o agronegócio, reaproveitando resíduos agrícolas para alimentação dos peixes. Além disso, iniciativas de capacitação promovidas pelo governo e pelo setor privado buscam melhorar a produtividade e a qualidade do pescado tocantinense.
O Futuro da Piscicultura no Brasil
A tendência é que o setor continue crescendo nos próximos anos, impulsionado pelo aumento do consumo de pescado, pela busca por alternativas à carne vermelha e pelo avanço das exportações.
A piscicultura brasileira tem potencial para se tornar uma referência global, desde que consiga superar desafios estruturais e investir em tecnologia e sustentabilidade. Com planejamento e inovação, o setor pode fortalecer ainda mais sua participação no mercado interno e externo.
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