A Ford anunciou o encerramento de sua produção de veículos no Brasil, marcando o fim de uma era iniciada em 1919. A decisão envolve o fechamento imediato das fábricas em Camaçari (BA), Taubaté (SP) e Horizonte (CE), afetando diretamente cerca de 5 mil funcionários na América do Sul, sendo aproximadamente 10 mil apenas na unidade baiana, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos local .
Reestruturação global e fatores locais
A montadora norte-americana justificou a medida como parte de uma reestruturação global, visando concentrar sua produção em mercados mais competitivos e alinhados com as novas demandas tecnológicas, como a eletrificação de veículos. Especialistas apontam que o ambiente de negócios no Brasil, caracterizado por alta carga tributária e complexidade regulatória, contribuiu para a decisão .
Impacto na capacidade produtiva e no mercado de trabalho
Com o fechamento das unidades da Ford e da Mercedes-Benz em Iracemópolis (SP), o Brasil perde até 10% de sua capacidade produtiva de veículos, reduzindo de 5 milhões para aproximadamente 4,5 milhões de unidades por ano . A alta ociosidade nas linhas de produção, que já era uma preocupação antes da pandemia, tende a se agravar.
Consequências para consumidores e fornecedores
Os modelos EcoSport e Ka terão suas vendas encerradas assim que os estoques forem esgotados. A Ford garantiu a continuidade da assistência aos consumidores, incluindo serviços de pós-venda e fornecimento de peças de reposição, conforme previsto no Código de Defesa do Consumidor . No entanto, a ausência de produção local pode resultar em prazos mais longos para a reposição de peças e manutenção dos veículos.
Perspectivas futuras
Apesar do encerramento das atividades industriais, a Ford manterá no Brasil seu centro de desenvolvimento de produtos na Bahia, o campo de testes em Tatuí (SP) e a sede administrativa em São Paulo. A empresa continuará a importar e comercializar veículos no país, focando em modelos conectados e eletrificados . Executivos da montadora não descartam a possibilidade de retomar a produção local caso haja avanços significativos na eletrificação da frota brasileira .
A saída da Ford do cenário industrial brasileiro representa um alerta para a necessidade de reformas estruturais que tornem o país mais atrativo para investimentos no setor automotivo, especialmente em um momento de transição para tecnologias mais sustentáveis e eficientes.
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