Implantada em 2019, a Delegacia Especializada de Atendimento a Vulneráveis realiza um trabalho diferente. De acordo com a Delegada titular, Dra. Heloisa Godinho, “nesta Delegacia nós não recuperamos milhões, mas recuperamos famílias”. Assim, a DAV recebe como vulneráveis os idosos, em crimes previstos no estatuto do idoso, pessoas com deficiência, também nos crimes previstos no estatuto da pessoa com deficiência; crimes de racismo tipificados pela Lei 7.716/1989, onde recentemente o Supremo também incluiu casos contra a população LGBTI+; crimes previstos no código de defesa do consumidor e contra a economia popular.
De acordo com a Delegada Heloísa, o maior número de ocorrências envolve idosos e, em sua maioria, são demandas sociais ou conflitos familiares. “Muitas vezes a delegacia é o local de acesso mais fácil, nós estamos abertos 24h por dia, todos os dias da semana. Muitas vezes, em um momento de desespero, a delegacia é o seu socorro mais próximo. Mesmo em não se tratando de um crime, nós vamos ajudar no encaminhamento ou, até em uma conversa informal, ajudamos a resolver aquele problema”, explica a titular.
Desafios
Para a Dra. Heloisa, o maior desafio “é criar uma barreira para que não nos envolvamos emocionalmente com os casos, o que é muito difícil. Nós somos seres humanos. Muitas vezes atendemos um senhor, uma senhora, e você vê a sua avó, a sua mãe, o seu avô ou o seu pai, naquela pessoa. Então não tem como criar totalmente essa barreira. Muitas vezes nos envolvemos sim. E é o perigo de sermos parciais, nós não podemos ser parciais. Nós temos que estar vigilantes para não nos envolvermos com os casos”, compartilha a Delegada.
O que é ser Delegada?
“É acordar e saber que nem um dia será igual ao outro. É ser vocacionado para uma missão árdua, mas extremamente relevante para a sociedade, porque nós carregamos dentro de nós o peso de cercear a liberdade de ir e vir das pessoas. É uma responsabilidade muito grande.
Ser Delegado de Polícia é ser diferente de qualquer outra carreira, pois exercemos uma função de natureza híbrida. Somos operadores do direito, policiais e gestores. Nós somos administradores das nossas delegacias. É assegurar direitos, seja da sociedade ou do próprio infrator. É saber que não se faz justiça de qualquer jeito. É reunir provas e elementos de informações acerca do crime dentro dos limites legais. É isso, mas não deixando de lado que nós também somos seres humanos, passíveis de erros, temos sentimentos e emoções, então não tem como desvencilhar o ser humano do delegado de polícia. Nós até tentamos, mas muitas vezes é difícil.”
Heloísa Helena Freire Godinho
Ama a profissão e gosta de trabalhar com pessoas e famílias. Delegada há 20 anos, já passou pelas Delegacias do Idoso, da Mulher, da Criança e do Adolescente, do Consumidor, de Trânsito e DPs em Paraíso e Palmas. (Assessoria de imprensa)
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