Proteínas alternativas: um termo já ultrapassado? saiba mais

Durante a pandemia, assistimos à perda do poder de compra da população diante de uma crise sanitário-econômica em nível global, afetando diretamente o consumo da carne bovina.

Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em 2022, o consumo de carne bovina no Brasil deve ser o menor em 26 anos, desde o início da série histórica em 1996. De acordo com o levantamento realizado pela Scot Consultoria, o consumo doméstico anual, em 2022, está em aproximadamente 24,3 quilos de carne bovina por habitante

Frente a esse cenário, o consumo de proteínas alternativas à carne bovina aumentou. Desde 2010, o consumo de ovos foi o que mais aumentou, crescendo 77%, o equivalente 114 ovos a mais por pessoa por ano.

O aumento da procura pela carne suína também cresceu, cujo incremento foi de 20,6% nos últimos doze anos. Esse crescimento foi 4,75 vezes maior frente ao aumento no consumo de carne de aves, que desde 2010 cresceu 4,3%.

O consumo de carne de frango cresceu menos percentualmente pois já era e ainda é a carne mais consumida. Para 2022, as projeções apontam um consumo per capita anual de 46kg, sendo esse o maior volume dos últimos dez anos.

Levando em conta esse cenário, podemos dizer que o termo “proteínas alternativas” à carne bovina não faz mais sentido. Fica o questionamento: seria esse comportamento um período de adaptação ou estamos vivendo uma transição no perfil de consumo doméstico? O consumo de carne bovina pode voltar aos mesmos patamares dos anos anteriores?

Para uma resposta, cabe analisar três variáveis que devem influenciar esse comportamento: a oferta por tipo de proteína, o repasse de preços ao varejo e a recuperação do poder de compra do consumidor final.

Oferta em ano de transição

O ciclo pecuário de preços tem uma duração média de seis anos, sendo três de retenção de fêmeas e três de descarte de fêmeas.

Após três anos marcados por uma forte retenção de fêmeas, o mercado do boi gordo, em 2022, vive um período de transição no ciclo pecuário de preços, saindo de uma fase alta da arroba do boi e entrando em fase de baixa, ocasionada pelo maior descarte de fêmeas, consequentemente, com queda nas cotações.

A fase de baixa do ciclo é caracterizada, justamente, pela maior oferta de bovinos. Esse crescimento no abate de bovinos, no ano vigente, impulsionado pela maior participação de fêmeas no abate, explica em certa medida a queda na cotação da arroba que assistimos ao longo do ano e que, provavelmente, continuará em 2023.

Impactos no atacado e no varejo

Com mais boiadas e sob uma demanda reprimida no mercado interno, a cotação da arroba do boi gordo caiu, mas essa queda não foi repassada com a mesma intensidade ao consumidor final.

Dessa forma, a ponta varejista está mantendo os preços e realizando promoções pontuais, como estratégia para reduzir os estoques.

Em novembro, a cotação média da arroba foi de R$275,02. No mesmo período, o Equivalente Físico, que consiste na remuneração com a venda de carne com osso (traseiro, dianteiro e ponta de agulha) no mercado atacadista, permitia o pagamento de R$276,37/@, evidenciando o estreitamento de margem com a venda somente da carne no mercado atacadista.

No entanto, a relação melhora quando além da carne vende-se também o couro e o sebo bovino (Equivalente Scot), que indica em R$286,16/@. Lembrando que margem não é lucro, pois os custos não são considerados.

Como anda o bolso do consumidor?

Existem indicadores econômicos e sociais que reportam o poder de compra da população. Um deles é o PIB. O PIB – Produto Interno Bruto – é um indicador econômico que representa a soma de todos os bens e serviços produzidos em determinado país, estado ou cidade, ao longo de um determinado período.

O PIB é calculado usando a moeda local. Sua variação, em percentual, é um dos indicadores utilizados para analisar e comparar o desenvolvimento econômico de uma região ao longo do tempo, sendo que, uma variação positiva indica desenvolvimento do setor analisado

Expectativas

Em curto prazo, as festividades de final de ano, Copa do Mundo, 13º salário e bonificações tendem a impulsionar o consumo doméstico e melhorar o consumo de carne bovina.

No entanto, na última quinzena de novembro, a oferta de bovinos para abate caiu. Abriu-se uma lacuna na oferta de bovinos terminados que está repercutindo na cotação do boi gordo, que reagiu.

No entanto, para o médio e longo prazo, tendo em vista o ciclo pecuário de preços, o abate de bovinos tende a ser maior em 2023. O preço da arroba deverá continuar em patamares menores em relação aos anos anteriores.

Em médio prazo, olhando para indicadores macroeconômicos, com a taxa de desemprego em um dos menores patamares desde 2015 e expectativas positivas para o Produto Interno Bruto brasileiro em 2023 (a ver), as perspectivas de recuperação do poder de compra do consumidor são positivas.

Portanto, levando em consideração o incremento na oferta de boiadas e uma possível melhora no poder de compra do consumidor, não estão descartadas quedas ou estabilidade no preço da carne bovina em 2023, o que deve melhorar o consumo até então retraído.

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