Embora dados apontem a existência de 500 mil médicos no País, de fato há pouca oferta de profissionais em algumas regiões. Contudo, o problema segue mais adiante – na perspectiva de que com bons ou “muitos profissionais” não se faz medicina". Isso porque um profissional sem um aparato de trabalho, como: medicamentos, leitos, insumos, e uma longa lista de outros requisitos indispensáveis, é só um médico sem fazer medicina.
Apesar dos vários pontos citados acima, vale ressaltar a falta de investimentos por parte do governo para a valorização dos profissionais, brasileiros ou revalidados. Já que o Brasil é considerado o país que mais forma médicos no mundo, à frente de países como índia e China, que possuem 1,5 bilhão de pessoas cada. Caso houvesse investimento em estrutura, possivelmente haveria condições minimamente dignas e seguras nas localidades em questão, e não faltariam médicos.
Com esses e outros pontos a serem levantados, a classe médica se mostra contrária a ideia do retorno do Programa “Mais Médicos”, programa criado em 2013, e que trouxe mais de 8 mil médicos cubanos para atuarem no Brasil.
Retorno do programa
Na noite da última sexta-feira, 27, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região autorizou, em decisão obtida pela CNN, a recontratação de profissionais cubanos do Programa Mais Médicos.
Durante a campanha, Lula já havia traçado a ideia como prioridade em sua gestão, agora, a decisão judicial acelera etapas porque permite que todos os 1.789 cubanos demitidos no último ciclo sejam recontratados e tenham que retornar ao Brasil.
O pedido foi apresentado pela Associação Nacional dos Profissionais Médicos Formados em Instituições Estrangeiras e Intercambistas. A decisão é assinada pelo desembargador Carlos Augusto Pires Brandão, do TRF-1.
Mais médicos, e menos saúde!
Contas do Instagram têm relatado depoimentos de médicos brasileiros que já estão sendo demitidos.
“Sou médico e estava trabalhando em uma UBS da região metropolitana da capital. Há uma semana me tiraram do meu posto para "reentrada" de um médico cubano pelo programa Mais Médicos. Ele trabalhou nesta unidade há alguns anos, porém nunca terminou o programa por conta da quantidade de faltas. Agora tive que ser desligado da unidade para ele poder entrar”, relatou um profissional (não identificado) a página @alem.da.medicina.
“Recontratá-los não melhorará a atenção básica, só empurrará os problemas para baixo dos panos! Precisamos de mais recursos, humanos e técnicos, na atenção primária e valorização dos médicos brasileiros nos interiores. Não queremos um ambiente de trabalho que, além de ser longe de casa, os pacientes não conseguem fazer os exames solicitados, não possuem hospital para encaminhar casos agudos e complexos, não possuem referência para especialistas, não possuem acompanhamento multiprofissional adequado… enfim, trabalhei no interior do Pará e é essa realidade”, comentou outra médica na publicação.
O DT entrou em contato com o Conselho Federal de Medicina sobre o posicionamento do retorno do programa, mas até o fechamento desta matéria, não teve retorno.
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