Uma coisa todo mundo já sabe: há um bom tempo o senador Eduardo Gomes (MDB), tornou-se o “cara” no Tocantins e vem dando algumas cartas na tomada de decisões no cenário político. Na última semana, durante a filiação de Jair Bolsonaro ao Partido Liberal, o presidente fez questão de mencionar nomes que ele considera importantes para a sucessão nos estados, e citou Gomes, hoje líder do governo no Congresso Nacional.
Mas e o senador será mesmo candidato? Independente da resposta, seu apoio tem peso na decisão final. Com bom trânsito no cenário político e um perfil apaziguador, Gomes caminha com muita tranquilidade entre os partidos da direita e conquistou o respeito de parte da esquerda. Eleito Senador da República em 2018, segue no cargo até 2026. Mas é sabido que parte da classe política tocantinense quer que ele encabece uma majoritária. O que sinceramente não parece ser do interesse do senador.
Antes do afastamento do governador Mauro Carlesse (PSL), havia uma pequena possibilidade de que Eduardo Gomes se tornasse o candidato do Palácio Araguaia. Hipótese esta que anteriormente com probabilidade mínima foi zerada com os últimos acontecimentos. Apesar da boa convivência, era notório o afastamento de Gomes e Carlesse desde 2019, o que se intensificou em 2020, com a eleição da coordenação da Bancada Federal no Tocantins, que à época foi conquistada pela senadora Kátia Abreu (PP). Naquele período surgiram rumores de que Eduardo Gomes ficou insatisfeito com a falta de articulação do Executivo tocantinense.
Sabe-se também que caso viesse oposição ao Palácio Araguaia, teria maior probabilidade de contar com o apoio da Bancada Federal. Tiago Dimas (SD), atual coordenador, é filho de Ronaldo Dimas (Podemos), ex-prefeito de Araguaína e pré-candidato ao Governo do Tocantins.
Presidente do DEM, professora Dorinha Seabra travou, e ganhou, na queda de braço com o então governador Mauro Carlesse, que queria a presidência do Democratas no Tocantins. Vicentinho Júnior (PL) e Dulce Miranda (MDB) por motivos óbvios são oposição a Mauro Carlesse. Carlos Gaguim (DEM), mesmo sendo aliado de primeira hora do governador, sai em todas as fotos de recepção aos prefeitos com o senador Eduardo Gomes. Eli Borges (SD) e Osires Damaso (PSC), não seriam exceção à regra. Lembrando que Damaso também é pré-candidato ao governo.
Este cenário já apontava Eduardo Gomes como o candidato opositor ao Palácio Araguaia. Não bastasse, cogitou-se uma majoritária composta por Gomes, Ronaldo Dimas e Laurez Moreira (Avante). Os dois últimos concorreriam na chapa a vice e senado. Ambos foram os prefeitos mais bem avaliados no Tocantins, das duas maiores cidades do Estado, deputados federais… Bom a ficha dos caras os credencia tranquilamente para majoritária e diga-se, com possibilidades reais de vitória.
Wanderlei entra para a corrida
O afastamento de Mauro Carlesse colocou definitivamente Wanderlei Barbosa (sem partido), na disputa. Mas antes de apresentar-se como pré-candidato, o governador interino precisa escolher uma sigla. Ao que tudo indica, a convite da Senadora Kátia Abreu (PP), Wanderlei cogita a filiação no PP, o que pode ser um tiro no pé. No Brasil o Progressistas é comandado por Ciro Nogueira, Ministro da Casa Civil e o homem de confiança de Jair Bolsonaro. A sigla está “fechada com Bolsonaro”, recém filiado ao PL. E no Tocantins, Eduardo Gomes é o candidato do Presidente.
Abre parêntese. Lembra do discurso do presidente na filiação? Pois bem! Se Gomes apoiar Wanderlei está tudo certo. Mas no Tocantins o PP é comandado por Kátia Abreu, ex-ministra da presidente Dilma Rousseff, que certamente apoiará o presidente Lula nas eleições do próximo ano. E não é só isso, a senadora “pegou” a coordenação da Bancada em 2020. Fatos estes que podem coloca-los em palanques opostos.
Sem contar que Kátia pode perder o comando do PP no Tocantins e Wanderlei a chance de ser o candidato ao governo.
A senadora que termina o mandato agora em 2022, parece estar mais preocupada com sua indicação no TCU e ao que tudo indica, dona de uma boa briga, Kátia não quer guerra com ninguém. Ainda bem que quando se trata de política tudo pode acontecer e os adversários tornam-se aliados num piscar de olhos. Fecha parêntese.
Gomes segue no MDB?
Outro que pode mudar de partido é Eduardo Gomes. O senador é filiado ao MDB, de Marcelo Miranda. E o ex-governador já declarou estar pronto para disputar a vaga ao Senado ou ao Governo do Tocantins. E neste cenário, como ficaria a possível aliança com Laurez Moreira e Ronaldo Dimas? Confortável no Senado Federal este é um cenário que não pode ser descartado.
Marcelo, Dimas e Laurez compondo a majoritária com a “bênção” de Eduardo Gomes. E aqui, caso Wanderlei filie-se ao PP, os planos do governador interino podem ir de ladeira abaixo, afinal o Partido Progressistas estaria neste palanque. Vale lembrar que Ciro Nogueira é o cara de Bolsonaro, que tem em Eduardo Gomes o cara no Tocantins.
A volta dos que não foram
Por último e menos improvável a volta de Mauro Carlesse ao Palácio Araguaia. Vale lembrar que o afastamento de seis meses, determinado pelo Supremo Tribunal de Justiça encerra em abril de 2022, e o governador tem feito de tudo para voltar ao poder. Caso aconteça, Carlesse retorna fragilizado, desmoralizado e sem condições de emplacar um sucessor.
Por outro lado, inviabiliza a candidatura de Wanderlei (sem partido por enquanto) ou ao menos enfraquece. Aqui surge tranquilamente uma terceira via com grandes possibilidades de vitória e voltamos a quem? Eduardo Gomes! Se ele é candidato ou não ao Governo ainda é cedo para dizer, mas posso afirmar tranquilamente que quando o assunto é política, Gomes é o cara que dá as cartas no Tocantins!
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