Wajngarten depõe na CPI poupa Bolsonaro e Pazuello e revela demora de dois meses na resposta a empresa Pfizer

O ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten confirmou nesta última quarta-feira, 12, à CPI da Covid que o Palácio do Planalto demorou dois meses para responder uma carta em que a farmacêutica Pfizer prometia fornecer doses de vacinas contra o novo coronavírus ao Brasil. Ele, no entanto, eximiu o presidente Jair Bolsonaro de responsabilidade no episódio, evitou críticas ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e ao contrário do que foi publicado em entrevista à revista Veja negou guardar e-mails, registros telefônicos ou minutas de contratos trocados com a empresa norte-americana. Durante todo o depoimento de Wajngarten o clima foi tenso e houve até pedido de prisão por parte do relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).

De acordo com Fábio Wajngarten, a Pfizer enviou uma carta a seis autoridades brasileiras no dia 12 setembro do ano passado. Além de Jair Bolsonaro, receberam a correspondência o vice-presidente, Hamilton Mourão, os ministros Paulo Guedes (Economia), Eduardo Pazuello (Saúde), Walter Braga Netto (Casa Civil) e o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Forster. O ex-secretário disse só ter tomado conhecimento do comunicado no dia 9 de novembro, quando entrou em contato com a farmacêutica.

“Vi por bem levar o assunto Pfizer ao presidente Bolsonaro na busca de uma solução rápida, e assim foi feito. Minha atitude proativa em relação ao laboratório produtor da vacina foi republicana e no sentido de ajudar. Nunca participei de negociação. O que busquei sempre foi o maior número de vacinas para atender a população brasileira com uma vacina que tinha maior eficácia. Isso foi o que busquei sempre” disse. A fala criou clima quente durante o depoimento.

Wajngarten afirmou ter recebido no Palácio do Planalto o representante da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo. O ex-secretário afirmou, no entanto, que o presidente Jair Bolsonaro não participou do encontro e que não foram discutidos temas como “cronograma ou valores” para a compra do imunizante.

“O que havia era uma promessa da Pfizer de que, se o Brasil se manifestasse no tempo adequado, ela envidaria os maiores esforços para aumentar a quantidade e diminuir o prazo. E foi exatamente isso que eu exigi nos outros dois encontros que tive com eles” explicou, durante seu depoimento na comissão.

Em entrevista publicada pela revista Veja em abril, Wajngarten afirma que o acordo com a Pfizer não prosperou por “incompetência e ineficiência” da “equipe que gerenciava o Ministério da Saúde nesse período”. Sem citar nomes, ele voltou a reclamar da “incompetência” e da “burocracia” do setor público. Mas, questionado pelo relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), negou que tenha havido procrastinação do presidente Jair Bolsonaro para a compra das vacinas.

“Não havia segurança jurídica para a assinatura porque havia uma lacuna legal. Três cláusulas impediram, empacaram e emperraram que a negociação avançasse de forma mais rápida: resolução de conflitos em Nova York, e não no Brasil; isenção completa de responsabilização e indenização; e edição de uma medida provisória para o país elencar ativos e bens em caso de processos internacionais”, afirmou.

Destaque na Veja

Segundo a Veja, o ex-secretário “guarda e-mails, registros telefônicos, cópias de minutas do contrato” para comprovar o que está dizendo. Wajngarten, no entanto, nega que mantenha essa documentação.

“Todas as minhas trocas de informação estão no computador da Secom. Em minhas mãos, não tenho nada. Em minha posse, não tenho. Não tenho nada além do que está no computador da Secom. Entendo que está guardado, está preservado. Se alguém logar com minha senha de usuário no computador, vai encontrar”, disse.

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