O debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo, realizado pela RedeTV!, foi marcado por trocas de insultos e comportamento agressivo. Pablo Marçal (PRTB), mantendo sua postura provocativa, foi o centro das discussões, protagonizando embates com José Luiz Datena (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB). Marçal explorou o espaço para fortalecer sua imagem como outsider, com ataques que desviaram o foco das propostas para a cidade.
Desde o início do debate, Marçal adotou uma postura de ataque, provocando seus adversários com insultos e declarações controversas. Ele chamou Datena de “orangotango” e insinuou que o candidato teria problemas emocionais. Ricardo Nunes também foi alvo de Marçal, que trouxe à tona supostas acusações contra o atual prefeito. Em meio às acusações, Datena e Nunes responderam com duras críticas, o que elevou o tom do debate.
Estratégia de visibilidade digital
A estratégia de Marçal parece clara: gerar repercussão nas redes sociais e consolidar sua imagem pública. De acordo com Milena Alves, cientista política, a postura de Marçal no debate visa provocar seus adversários para gerar engajamento digital, explorando a economia da atenção. “Marçal não está ali para discutir propostas, mas para ser visto e ouvido em meio ao caos”, explica Alves.
Essa tática é reforçada por Luiz Felipe Guedes, economista, que destaca a utilização da agressividade como uma ferramenta para criar visibilidade. “Ele adota o comportamento polêmico para se diferenciar e captar a atenção do público, mesmo que de forma negativa”, comenta. Segundo Guedes, Marçal está mais preocupado em transformar sua campanha em um show midiático, em vez de apresentar um programa de governo sólido.
Críticas e repercussão
A postura de Marçal foi criticada pelos demais candidatos, que tentaram, sem sucesso, conduzir o debate para temas mais relevantes para São Paulo. Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) tentaram desviar dos ataques, mas acabaram envolvidos em discussões acaloradas. Tabata, por exemplo, foi alvo de comentários sobre sua vida pessoal, o que gerou um clima ainda mais hostil.
Para Rosana Pinheiro-Machado, antropóloga, a agressividade de Marçal reflete uma transformação no cenário político, onde a imagem e a atenção pública são mais valiosas do que propostas concretas. “Ele explora a política como espetáculo, onde a visibilidade é o objetivo principal, e não a resolução dos problemas da cidade”, explica.
Impacto eleitoral
Apesar da visibilidade que ganhou nas redes, a tática de Marçal pode ser um tiro no pé. Daniel Sousa, especialista em marketing político, aponta que a estratégia de ataques e provocações pode aumentar sua rejeição entre os eleitores. “Ele pode ganhar notoriedade, mas isso não necessariamente se traduz em votos. Os eleitores podem interpretar essa postura como imatura e irresponsável”, afirma Sousa.
O debate, que deveria ter sido um espaço para discutir temas relevantes para São Paulo, acabou se tornando um palco de ataques pessoais e ofensas. Com a agressividade de Marçal, a campanha segue contaminada pela polarização e pela falta de foco em propostas que realmente importam para a cidade.
Pablo Marçal utiliza a política como uma plataforma de autopromoção, explorando as redes sociais e o caos dos debates para aumentar sua visibilidade. Contudo, a ausência de propostas concretas e o clima de hostilidade podem custar caro nas urnas, à medida que os eleitores buscam soluções reais para os problemas de São Paulo.
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