Durante sua participação no canal Times Brasil da CNBC, a ex-ministra da Agricultura e ex-senadora Kátia Abreu criticou as métricas ambientais utilizadas pela Europa, destacando que elas desconsideram os avanços e a eficiência do agronegócio brasileiro. Segundo Kátia, as exigências europeias ignoram o papel crucial do Brasil no sequestro de carbono e na produção sustentável, criando uma narrativa enviesada que prejudica a reputação internacional do país.
Sequestro de carbono e fotossíntese: dados que a Europa desconsidera
Kátia Abreu iniciou sua fala apontando uma lacuna fundamental nas análises ambientais europeias: o sequestro de carbono promovido pela agricultura e pecuária brasileiras. “A agricultura brasileira sequestra carbono toda vez que planta uma nova safra, assim como a pecuária. Será que eles consideram isso? Não. Apenas computam as emissões, desconsiderando os benefícios que nossa produção gera para o meio ambiente”, afirmou.
Ela também destacou que o Brasil adota tecnologias avançadas de produção, como o plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta, que tornam o país um modelo de sustentabilidade no setor agropecuário. “Enquanto muitos países ainda estão discutindo práticas sustentáveis, o Brasil já as implementa há anos. Mas isso é ignorado nas métricas globais.”
Contradições ambientais da Europa
A ex-ministra questionou a legitimidade de países europeus, como a França, que criticam a produção brasileira enquanto não aplicam as mesmas regras aos seus próprios setores. “Eles fazem vista grossa para práticas ambientalmente questionáveis em suas próprias indústrias, como a produção de vinhos em áreas ambientalmente sensíveis. Mas criam barreiras para nossos produtos com base em critérios inconsistentes.”
Kátia também criticou a ideia de que os países europeus são “modelos ambientais”. Segundo ela, essa percepção é fruto de uma narrativa construída para proteger mercados internos. “Eles foram os grandes responsáveis pelo aquecimento global durante séculos. Agora, querem impor ao Brasil padrões que nem eles próprios seguem.”
Impactos no mercado global e no Brasil
As barreiras comerciais baseadas em critérios ambientais também têm implicações econômicas. Kátia destacou que ações como as do Carrefour França e da Danone, que restringiram a compra de carne e soja brasileiras, afetam a reputação do Brasil no mercado internacional.
“Essas decisões não afetam apenas o mercado local. Elas colocam em dúvida a qualidade dos nossos produtos, criando uma imagem distorcida do agronegócio brasileiro. Isso pode gerar prejuízos muito maiores no longo prazo”, alertou.
Pequenos produtores: os mais vulneráveis
Kátia enfatizou que os pequenos produtores brasileiros são os mais impactados por essas barreiras. “Enquanto os produtores franceses recebem subsídios milionários, nossos pequenos agricultores enfrentam custos adicionais para cumprir exigências internacionais. Isso é desigual e injusto”, disse.
Ela lembrou que 86% dos agricultores brasileiros são pequenos produtores, muitos dos quais dependem da exportação para sobreviver. “Se as barreiras continuam, quem sofre primeiro são os pequenos, que já enfrentam desafios enormes no mercado interno.”
O papel do Brasil no cenário global
Kátia Abreu destacou que o Brasil é essencial para a segurança alimentar global e para o equilíbrio ambiental do planeta. “Somos um dos maiores exportadores de alimentos do mundo e fazemos isso de forma sustentável. É hora de o Brasil assumir uma postura mais firme nas negociações internacionais e exigir reconhecimento por suas práticas avançadas.”
Ela também reforçou a importância de o Brasil liderar o debate sobre métricas ambientais mais justas e equilibradas. “Não podemos aceitar que critérios enviesados determinem o futuro do nosso agronegócio. É hora de liderarmos essa discussão.”
Conclusão
Com um discurso firme e fundamentado, Kátia Abreu expôs as contradições das exigências ambientais europeias e defendeu a importância do agronegócio brasileiro no cenário global. “O Brasil é um modelo de produção sustentável e eficiente. Não podemos aceitar narrativas que nos colocam como vilões enquanto ignoram nossos avanços. O que queremos é justiça e respeito.”
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