A Força Aérea Brasileira (FAB) deu um importante passo na expansão de sua capacidade aeroespacial ao lançar, nesta sexta-feira (29/11), um foguete de sondagem suborbital com tecnologia 100% nacional. O lançamento, realizado a partir do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI), localizado em Parnamirim (RN), é um marco na Operação Potiguar, que visa consolidar o Brasil como um player relevante no setor aeroespacial.
Missão bem-sucedida
Com o foguete sendo lançado às 13h19, o veículo cumpriu a trajetória planejada com precisão, realizando um voo que durou 5 minutos e 50 segundos, dos quais 2 minutos e 50 segundos foram no espaço. O sistema de telemetria e a resposta radar funcionaram corretamente durante todo o trajeto, assegurando que o voo estivesse dentro dos parâmetros estabelecidos pelos engenheiros da missão.
De acordo com o Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Tenente-Brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros, o lançamento representa um passo decisivo para a autonomia do Brasil em eventos de lançamento de veículos espaciais. “Estamos quebrando paradigmas e criando novas perspectivas para o futuro. Com a infraestrutura do CLBI, temos a capacidade de realizar lançamentos de forma autossuficiente e demonstrar que o Brasil está preparado para avançar nesse setor estratégico”, afirmou Medeiros.
Histórico do CLBI
O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno, subordinado ao DCTA, já realizou mais de 3 mil lançamentos e completou 265 eventos de rastreio de veículos espaciais. A longo prazo, o CLBI será fundamental para a expansão do mercado aeroespacial no Brasil, especialmente com a criação da Alada, empresa pública que será responsável pela governança de lançamentos comerciais. A expectativa é que o Brasil precise de mais centros como o CLBI para atender a crescente demanda.
A próxima fase: inovação e qualificação
Na segunda fase da Operação Potiguar, que ocorrerá no segundo semestre de 2025, o CLBI usará outro foguete do mesmo modelo para testar a plataforma suborbital de microgravidade (PSM). A plataforma será equipada com um compartimento para experimentos científicos e sistemas eletrônicos voltados para novas tecnologias.
O projeto S30: avanços e experimentos
O foguete lançado pertence à família S30, desenvolvida pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), em colaboração com várias empresas da base industrial brasileira. O projeto, iniciado em 1996, inclui ainda outras versões como o VSB30 e o descontinuado VS30 Orion. Ao longo dos anos, a família S30 realizou 55 lançamentos, consolidando-se como uma plataforma vital para experimentos suborbitais.
Embora os foguetes da família S30 não alcancem a órbita, eles atingem altitudes que ultrapassam a atmosfera terrestre, permitindo a realização de experimentos científicos e tecnológicos essenciais para diversas indústrias, como a de fármacos, produtos metal-mecânicos, alimentos, cosméticos, entre outras.
Aplicações práticas e avanços científicos
Um dos exemplos mais concretos de como os lançamentos suborbitais impactam a ciência é o estudo das resinas odontológicas. Segundo o Tenente-Coronel Engenheiro Fernando César Monteiro Tavares, coordenador da Operação Potiguar, uma resina utilizada para restaurações dentárias foi enviada ao espaço em um foguete similar, onde passou por um processo de cristalização em microgravidade. Este avanço, que teve sua origem no espaço, hoje é utilizado globalmente.
“As pesquisas aeroespaciais são locomotivas para o desenvolvimento científico do Brasil. O espaço é nossa fronteira do conhecimento”, afirma Tavares, ressaltando a importância da colaboração entre tecnologia aeroespacial e inovação científica.
O futuro do Brasil no espaço
O sucesso do lançamento de 29/11 não só representa um avanço significativo para o setor aeroespacial brasileiro, mas também sinaliza um futuro promissor para a exploração espacial e o desenvolvimento de novas tecnologias no Brasil. A Força Aérea Brasileira segue comprometida com a construção de uma infraestrutura sólida e com a ampliação das capacidades nacionais para o lançamento de veículos espaciais.
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