Com a expectativa crescente em torno da sucessão papal, cardeais de diferentes continentes despontam como favoritos; especialistas destacam desafios internos e disputas geopolíticas dentro da Igreja
MATÉRIA | Por Ricardo Fernandes – Especial para o Diário Internacional
Cidade do Vaticano, 24 de abril de 2025 – A Santa Sé se movimenta nos bastidores para um dos momentos mais decisivos da Igreja Católica: a realização de um novo conclave. Com a saúde fragilizada do Papa Francisco e rumores intensificados nas últimas semanas sobre uma possível renúncia ou falecimento, o cenário de sucessão papal mobiliza cardeais, analistas e fiéis em todo o mundo.
Fontes internas do Vaticano apontam que o Colégio Cardinalício já iniciou articulações discretas para formação de blocos de apoio, e nomes considerados “papáveis” ganham força nas discussões internas e externas.
Favoritos ao trono de Pedro
Entre os cardeais mais cotados, surgem nomes com perfis distintos e representações geográficas estratégicas. Segundo fontes ouvidas por especialistas vaticanistas, os principais favoritos são:
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Cardeal Matteo Zuppi (Itália) – Atual presidente da Conferência Episcopal Italiana, é visto como continuador da linha progressista de Francisco, com forte atuação em pautas sociais e diálogo inter-religioso.
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Cardeal Peter Turkson (Gana) – Figura central no debate sobre justiça climática e paz global, é considerado um nome de consenso entre setores africanos e progressistas.
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Cardeal Luis Antonio Tagle (Filipinas) – Carismático, com trânsito diplomático em Roma e na Ásia, representa uma possível ponte entre continentes e uma Igreja mais globalizada.
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Cardeal Christoph Schönborn (Áustria) – Com forte formação teológica e respeitado por setores conservadores, ainda é citado como possível candidato de consenso.
Além deles, outras lideranças latino-americanas e norte-americanas também estão sendo observadas, especialmente diante das tensões entre visões mais conservadoras e progressistas dentro da cúria romana.
Os desafios do próximo Papa
O próximo Pontífice herdará uma Igreja marcada por tensões internas e desafios globais. Entre os temas mais sensíveis estão:
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A crise de vocações e o avanço da secularização na Europa;
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As denúncias de abusos sexuais e a transparência institucional;
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O papel da Igreja frente a temas contemporâneos como imigração, meio ambiente e inteligência artificial;
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A manutenção do equilíbrio entre tradição doutrinária e modernização pastoral, especialmente na América Latina e África.
Especialistas apontam um conclave geopolítico
O teólogo e historiador da Igreja, professor Enrico Della Torre, da Universidade Pontifícia Lateranense, afirma que “este conclave será geopolítico, pois a Igreja precisa responder a uma ordem mundial em transformação, em que potências emergentes e religiões concorrentes disputam espaço de influência”.
Já para a jornalista italiana Maria Grazzia Lombardi, que cobre o Vaticano há mais de 20 anos, “a escolha do novo Papa será também um gesto simbólico: reafirmar ou redirecionar o legado de Francisco”.
Expectativas e silêncio oficial
Oficialmente, o Vaticano mantém o silêncio. O porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, declarou apenas que “o Santo Padre segue em oração e exercício de suas funções”. Contudo, há relatos de encontros privados entre cardeais, inclusive fora do território italiano, o que costuma ser prenúncio de articulações pré-conclave.
Enquanto isso, milhões de fiéis aguardam com expectativa. O conclave, que reúne 120 cardeais com direito a voto, será realizado na Capela Sistina, sob rigoroso sigilo, quando houver vacância oficial da Sé de Pedro.
A escolha do novo Papa não será apenas uma decisão religiosa — mas um reflexo da encruzilhada histórica pela qual passa a Igreja Católica no século XXI.
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