Nesta quarta-feira, 30 de outubro, servidores do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) realizarão uma paralisação nacional em protesto contra a crise financeira e o desmonte institucional que afetam o órgão responsável por fornecer informações meteorológicas essenciais para o Brasil. Em Goiânia, a paralisação ocorrerá na sede do INMET, localizada no anexo do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), na Praça Cívica, contando com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal de Goiás (Sintsep-GO).
Desmonte do INMET e condições precárias de trabalho
A paralisação é motivada pela insustentável condição de trabalho dos servidores e pelo crescente desmonte do INMET, que se encontra com o menor orçamento anual de sua história – cerca de 25% do valor necessário para seu funcionamento adequado. De acordo com documento elaborado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef/Fenadsef), essa situação crítica gerou a interrupção de serviços essenciais como o monitoramento meteorológico, o atendimento ao público e a veículos de comunicação. O INMET completará 115 anos no próximo dia 17 de novembro, mas, ao invés de comemorar, os servidores estão preocupados com a continuidade do órgão.
Impacto no monitoramento climático e demanda por previsões
O INMET é fundamental para o fornecimento de dados climatológicos que embasam políticas públicas e o planejamento de setores estratégicos como segurança alimentar, hídrica, energética, além de apoiar a defesa civil e zoneamentos agrícolas. Com o aquecimento global, a demanda por previsões e alertas de eventos climáticos severos tem aumentado, mas o desmonte coloca em risco a capacidade do INMET de atender a essa demanda crescente. “O INMET é o coração das informações climáticas do país, e sua fragilização representa uma ameaça direta à segurança de milhões de brasileiros,” destaca a Condsef.
A crise de pessoal e as consequências do baixo orçamento
Um dos maiores problemas enfrentados pelo INMET é a ausência de concursos públicos e a falta de reposição do quadro de servidores efetivos. Segundo o relatório, a maioria das estações meteorológicas convencionais e automáticas – muitas com reconhecimento internacional da Organização Meteorológica Mundial (OMM) – encontra-se desativada ou em péssimas condições, devido à falta de pessoal e recursos. “Patrimônios públicos estão em risco de vandalismo e abandono, algo que compromete a qualidade dos dados meteorológicos e, por consequência, a segurança pública,” aponta o documento.
O quadro de servidores técnicos e meteorologistas é insuficiente, e o número atual de terceirizados que supre essa deficiência enfrenta o risco de demissões iminentes. Com isso, o INMET terá ainda mais dificuldades para manter suas atividades. O documento da Condsef destaca a chegada de 80 novos servidores por meio do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) em 2025, mas ressalta que esse número é “muito aquém” do necessário para atender a estrutura mínima do órgão.
Exclusão dos servidores e reestruturação controversa
Outro ponto de conflito é a exclusão dos atuais servidores do Plano de Cargos e Salários da Área de Ciência e Tecnologia (C&T), implementado em 2012. Segundo a Condsef, os futuros servidores terão acesso a benefícios e capacitação superiores, enquanto os profissionais que já atuam no INMET foram deixados de fora, mesmo sendo responsáveis pela formação dos novos técnicos.
A paralisação também levanta críticas à reestruturação do INMET, que promoveu a extinção dos Distritos de Meteorologia e sua subordinação às Superintendências Federais de Agricultura (SFAs). Essa mudança ocorreu sem a participação do corpo técnico do órgão e, segundo os servidores, levou a uma estrutura “vazia, ineficiente e onerosa.” A Condsef afirma que a medida não foi acompanhada de estudo técnico de impacto orçamentário ou de um plano estratégico, resultando em prejuízos administrativos e operacionais para o INMET e as SFAs.
Demandas dos servidores e risco de “apagão climático”
Os servidores apresentam uma série de demandas, incluindo a suspensão das demissões do quadro técnico-administrativo, a regularização dos contratos de terceirizados, a reestruturação de forma transparente e a reintegração dos atuais servidores à carreira C&T. Em seu posicionamento, a Condsef questiona: “Quem responderá pelo apagão climático do Brasil?”, alertando para o risco que a desestruturação do INMET representa para a segurança climática nacional.
O que está em jogo?
A paralisação nacional do INMET traz à tona a urgência de investimentos na meteorologia como instrumento de soberania e segurança pública. A previsão do tempo, fundamental para o dia a dia de agricultores, setores da construção, da defesa civil e da sociedade em geral, é um serviço vital que depende da estrutura e da estabilidade do INMET. A crise que o órgão enfrenta hoje coloca o Brasil em um caminho preocupante, em que a falta de investimentos pode resultar em falhas graves na previsão e no monitoramento de eventos climáticos extremos, cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas.
Para mais informações, a Condsef e o Sintsep-GO estão à disposição para esclarecer a situação e reforçam a importância de uma reestruturação que garanta a continuidade e a integridade dos serviços meteorológicos no país.
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