Alta no preço do café, tomate, óleo de soja e carne impacta orçamento das famílias; especialistas analisam cenário econômico
O ano de 2025 começou com um impacto significativo no custo da cesta básica em Palmas (TO). Segundo levantamento do Núcleo Aplicado de Estudos e Pesquisas Econômico-Sociais (NAEPE), em janeiro, o preço médio da cesta atingiu R$ 705,04, representando um aumento de 2,23% em relação ao mês anterior. Esse é o valor mais alto registrado desde abril de 2023.
A alta foi impulsionada principalmente pelo aumento expressivo no preço de quatro produtos essenciais:
- Café (+18%)
- Tomate (+11,6%)
- Óleo de soja
- Carne
O impacto dessa elevação afeta diretamente o poder de compra da população, principalmente das famílias de baixa renda, que dedicam uma grande parte do orçamento à alimentação.
Especialistas explicam alta nos preços
Custo de produção, clima e variação do dólar são fatores determinantes
O economista Autenir Carvalho, diretor-geral do NAEPE, explica que a variação de preços pode ser atribuída a diferentes fatores, desde questões climáticas até custos de produção e logística.
“O café teve um aumento significativo devido à baixa oferta causada pelo clima irregular em regiões produtoras. O tomate também foi afetado por questões climáticas, especialmente pelo calor excessivo e chuvas irregulares, que reduziram a produção e pressionaram os preços. Já a alta no óleo de soja está relacionada à valorização da commodity no mercado internacional, impactada pelo câmbio e demanda global”, esclarece Carvalho.
Além disso, a economista e especialista em consumo, Carla Menezes, destaca o impacto da carne no orçamento familiar. Segundo ela, o setor enfrenta desafios como custos de transporte elevados e oscilações na oferta de gado.
“A carne segue como um dos principais vilões do orçamento. A exportação em alta mantém os preços elevados no mercado interno. Enquanto a demanda internacional estiver aquecida, o consumidor brasileiro continuará pagando mais caro”, explica Carla.
Nem tudo subiu: alguns produtos tiveram redução de preço
Apesar da alta no valor geral da cesta básica, alguns alimentos registraram redução de preços, proporcionando um pequeno alívio ao consumidor. Os itens que ficaram mais baratos em janeiro foram:
✅ Leite (-5,9%)
✅ Feijão (-5,5%)
✅ Arroz (-5,4%)
✅ Margarina (-5,2%)
✅ Açúcar, banana e farinha de mandioca
Carla Menezes ressalta que essas reduções são cíclicas e fazem parte da dinâmica do mercado.
“As quedas são reflexo do aumento da oferta em determinadas regiões e da desaceleração no consumo de alguns itens. Porém, como os produtos da cesta básica são altamente sensíveis às variações climáticas e econômicas, é essencial que o consumidor esteja atento às mudanças e aproveite momentos de preços mais baixos para planejar suas compras”, orienta a economista.
Impacto no poder de compra: salário mínimo não acompanha alta
Trabalhador precisa de 119 horas de trabalho para comprar a cesta básica
O estudo do NAEPE também mostrou o peso da cesta básica no orçamento dos trabalhadores que recebem um salário mínimo (R$ 1.412,00 em 2025). Segundo a pesquisa, um trabalhador precisa dedicar 119 horas e 24 minutos de trabalho para comprar os itens essenciais da cesta.
Além disso, o estudo apontou que, para garantir todas as necessidades básicas de uma família, o salário mínimo ideal deveria ser de R$ 5.923,05, um valor quatro vezes maior que o mínimo atual.
O especialista em mercado de trabalho, Ricardo Nascimento, destaca que esse descompasso entre salários e custo de vida gera um grande desafio para os brasileiros.
“A alta da cesta básica reflete diretamente no poder de compra da população. Isso significa que, mesmo com aumentos salariais, a renda das famílias não acompanha a inflação real dos alimentos e demais despesas. Esse cenário compromete o consumo, aumenta o endividamento e exige um planejamento financeiro mais rígido por parte dos consumidores”, analisa Nascimento.
O que esperar para os próximos meses?
Tendência de estabilização, mas alerta para novos aumentos
Os pesquisadores do NAEPE continuarão acompanhando a variação dos preços da cesta básica em Palmas e divulgarão novos levantamentos ao longo do ano. Segundo Autenir Carvalho, há uma expectativa de estabilização em alguns itens nos próximos meses, mas outros produtos podem continuar em alta.
“A depender das condições climáticas e da demanda do mercado internacional, a tendência é que alguns produtos, como arroz e feijão, mantenham preços mais baixos. No entanto, itens como carne e óleo de soja podem continuar pressionando o orçamento dos consumidores”, alerta o economista.
Para se manter informado sobre as variações de preços e planejar melhor o orçamento, os consumidores podem acessar os relatórios completos do NAEPE no site (naepepesquisas.com) ou pelo Instagram @naepe.pesquisas
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