Pontífice faleceu nesta segunda (21) às 7h35. Vaticano inicia rito da Sé Vacante. Presidente Lula decreta luto oficial de sete dias no Brasil.
Por Fernanda Cappellesso | 21/04/2025 | Atualizado às 16h05- O Vaticano confirmou ao Diário Tocantinense na manhã desta segunda-feira (21) a morte do Papa Francisco, aos 88 anos. O anúncio foi feito pelo cardeal Kevin Farrell, diretamente da Capela da Casa Santa Marta. “Com profunda tristeza devo anunciar a morte de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma retornou à casa do Pai”, declarou. O Vaticano informou novamente as 16h00 as causas da morte do Pontífice e afirmou que ele tem um Acidente Vascular Cerebral e Insuficiência Respiratória Aguda seguindo de piora no quadro de Diabetes.
Na véspera de sua morte, no Domingo de Páscoa, Francisco apareceu na sacada da Basílica de São Pedro e deixou sua última mensagem ao mundo, pedindo cessar-fogo imediato em Gaza e clamando por paz entre os povos.
Com o falecimento, o Vaticano entra oficialmente no período conhecido como Sé Vacante, que compreende a ausência de um papa no trono de São Pedro e o início dos ritos que culminarão na escolha de seu sucessor.
O que acontece agora no Vaticano?
1. Confirmação oficial e luto
A morte foi certificada por médicos e informada aos cardeais. Imediatamente após o anúncio público, iniciou-se o luto oficial da Santa Sé. O corpo do Papa Francisco será velado na Basílica de São Pedro por três dias, período durante o qual fiéis poderão prestar suas últimas homenagens.
2. Novemdiales: os 9 dias de luto
O Vaticano seguirá agora com o Novemdiales, nove dias consecutivos de missas em memória do Papa. É um rito tradicional do luto papal, que envolve preces, reflexões e liturgias específicas.
3. Preparação para o Conclave
Ao fim do período de luto, o Colégio de Cardeais será convocado para eleger o novo pontífice. A votação acontece em regime fechado na Capela Sistina, com direito a voto apenas cardeais com menos de 80 anos — cerca de 124 eleitores em 2025.
4. Cerimônia fúnebre
O funeral oficial será presidido pelo cardeal decano e transmitido para o mundo todo. Segundo fontes do Vaticano, a cerimônia está prevista para quinta-feira (24/04). O sepultamento ocorrerá nas Grutas Vaticanas, mesmo local onde está enterrado o Papa João Paulo II.
Última mensagem: um apelo à paz
A última aparição pública de Francisco foi marcada por uma fala direta e emotiva:
“Peço a paz. Cessar-fogo. A dor dos inocentes grita aos céus.”
Com dificuldades de saúde que o impediam de presidir missas, o pontífice manteve o compromisso de se pronunciar no Domingo de Páscoa — sinalizando ao mundo sua permanência ativa até os últimos instantes.
Reações globais
Diversos líderes mundiais reagiram à notícia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de sete dias no Brasil. Em nota, ele destacou:
“Francisco propagou o amor, a tolerância e a solidariedade que são a base dos ensinamentos cristãos. Seu legado permanecerá vivo.”
Governadores como Wanderlei Barbosa, do Tocantins, também prestaram homenagens:
“Será eternamente lembrado como um pontífice fraterno, cuja liderança espiritual tocou milhões de corações.”
Um papado de reformas e proximidade
Eleito em março de 2013, Jorge Mario Bergoglio, o primeiro papa latino-americano e jesuíta da história, ficou marcado pela defesa dos pobres, pela reforma da Cúria Romana e pelo tom progressista em temas como mudanças climáticas, imigração, acolhimento a LGBTQIA+ e diálogo inter-religioso.
Durante seus 12 anos de pontificado, enfrentou momentos-chave:
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Pandemia da Covid-19
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Guerras na Ucrânia e na Palestina
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Crises internas na Igreja sobre abusos sexuais
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Diálogos inéditos com o mundo islâmico e ortodoxo
O legado de Francisco
Ao longo do pontificado, Francisco rompeu com protocolos, preferiu residir na Casa Santa Marta em vez dos aposentos papais e adotou um estilo simples. Sua encíclica Laudato Si’ sobre o meio ambiente e sua visão de “Igreja em saída” marcaram profundamente a era Bergoglio.
A sucessão papal agora começa. E o mundo observa com atenção os próximos passos de uma Igreja que se despede de um dos líderes mais influentes das últimas décadas.
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