O Vaticano confirmou, na manhã desta quarta-feira (1º), a morte do Papa Francisco, aos 87 anos, no Palácio Apostólico. Internado nos últimos dias após agravamento de problemas respiratórios, Jorge Mario Bergoglio não resistiu a uma falência múltipla de órgãos, segundo boletim médico oficial.
O primeiro papa da América Latina e o primeiro jesuíta a ocupar o trono de Pedro deixa um legado de reformas, enfrentamentos internos e protagonismo político em um dos períodos mais desafiadores da história recente da Igreja Católica.
O corpo de Francisco será velado na Basílica de São Pedro, com funeral previsto para sexta-feira (3), segundo o protocolo do Vaticano. Líderes mundiais, chefes de Estado e milhões de fiéis são esperados em Roma para prestar homenagens.
A Igreja se volta agora para o Conclave
Com a morte do pontífice, o Colégio Cardinalício inicia formalmente os preparativos para o Conclave — o processo de escolha do novo papa. A Santa Sé divulgou um comunicado pedindo orações dos fiéis e destacando que este é “um momento de graça e discernimento espiritual”.
Atualmente, 136 cardeais têm direito a voto (com menos de 80 anos), número que excede o teto estabelecido por São João Paulo II, mas mantido por Francisco como forma de diversificar a composição global da Igreja.
Os cardeais deverão se reunir nos próximos dias nas chamadas Congregações Gerais, que antecedem o Conclave. O processo ocorrerá na Capela Sistina e será conduzido sob sigilo absoluto, conforme as regras do motu proprio Universi Dominici Gregis.
Uma Igreja dividida entre blocos
A sucessão papal ocorre em meio a uma Igreja dividida. Sob Francisco, o Vaticano enfrentou fortes embates entre:
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O bloco reformista latino-americano e africano, que defende acolhimento, justiça social e aproximação com o mundo contemporâneo;
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O bloco conservador europeu e norte-americano, que pede retorno à ortodoxia moral, reforço da liturgia tradicional e oposição frontal a pautas progressistas.
Analistas apontam que o novo papa poderá tanto ser uma continuidade da visão pastoral de Francisco quanto uma ruptura.
“O Conclave será profundamente político. Mais que fé, ele refletirá a luta de modelos eclesiais antagônicos”, afirma o vaticanista fictício Giuseppe Reale.
O que dizem os brasileiros no Vaticano
O cardeal brasileiro Dom Odilon Braga, arcebispo de São Paulo, publicou nota dizendo que o Papa Francisco “foi um pastor do povo, dos pobres e da paz”. O Brasil possui cinco cardeais eleitores, e, embora nenhum seja visto como papabile (candidato forte), todos têm influência regional significativa.
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