Autoridade mundial na área de transplante de células germinativas em peixe, Goro Yoshizaki enfatizou a importância de sua técnica para a preservação de espécies em perigo de extinção. No Brasil, Yoshizaki realiza estudos usando a tilápia como barriga de aluguel para o pirarucu.

Norte Agropecuário
Pesquisador japonês Goro Yoshizaki foi o conferencista na abertura do Simpósio Internacional sobre Fisiologia da Reprodução de Peixes. (Foto Cimone Barros/Inpa)
Pesquisador japonês Goro Yoshizaki foi o conferencista na abertura do Simpósio Internacional sobre Fisiologia da Reprodução de Peixes. (Foto Cimone Barros/Inpa)

Síglia Souza
DE MANAUS (AM)

O pesquisador japonês Goro Yoshizaki foi o conferencista na abertura do 11º Simpósio Internacional sobre Fisiologia Reprodutiva de Peixes (ISRPF 2018) que acontece até esta quinta-feira, 8 de junho, no Tropical Hotel em Manaus (AM). Autoridade mundial na área de transplante de células germinativas em peixe, Yoshizaki enfatizou a importância de sua técnica para a preservação de espécies em perigo de extinção ao redor do mundo. A técnica também é aplicada para superar problemas com a biologia reprodutiva de espécies de importância econômica.

Ele utiliza a técnica de criopreservação (congelamento de células germinativas de peixes em nitrogênio líquido). A tecnologia apresentada pelo cientista consiste em congelar as células germinativas  para depois transplantar esses gametas funcionais em outras espécies de peixes que atuam como â??barriga de aluguelâ?. Com a técnica, Yoshizaki já conseguiu, por exemplo, que trutas gerassem alevinos de salmão e vice-versa. â??O salmão do Pacífico morre logo após seu primeiro ciclo reprodutivo. Já a Truta não. Então, podemos fazer as trutas gerarem salmão ano após anoâ?, explicou o pesquisador.

No Brasil, Yoshizaki mantém colaboração com laboratório na UFMG, onde estão sendo feitos estudos usando a tilápia como modelo experimental como peixe-receptor (barriga de aluguel) para o pirarucu, peixe nativo da Amazônia de importância econômica mas que demora a se reproduzir.

Uma das propostas do cientista japonês é que se crie um banco de dados genético com peixes de todas as partes do mundo, congelando células-tronco germinativas em nitrogênio líquido e assim salvar da extinção diversas espécies ao redor do mundo. â??Recuperar o meio ambiente leva muito tempo e a técnica permite ter essas espécies preservadas em banco de esperma e óvulo. Seria como um seguro que pode ser usado quando for precisoâ?, revelou.

Simpósio

Pesquisadores de mais de 20 países participam do Simpósio, que tem como tema Novas fronteiras na diversidade reprodutiva em um ambiente em mudança. O simpósio tem mais de 200 inscritos, entre pesquisadores, profissionais e estudantes, e conta com apresentação de trabalhos de pesquisa em pôsters e 16 palestras principais de cientistas da área de reprodução de peixes.

O objetivo do simpósio é estimular a discussão, aprendizado e troca de informações entre pesquisadores sobre as mais recentes descobertas científicas na área de fisiologia reprodutiva de peixes. O comitê científico internacional é formado por pesquisadores do Brasil, Holanda,  Portugal, Argentina, França, Hong Kong, Índia, Estados Unidos, Canadá, França, Japão, Israel e Noruega. No Brasil a coordenação do evento é do pesquisador Luiz Renato de França, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Junto a pesquisadores de outras instituições, participam com apresentação de trabalhos pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental (Amazonas), Embrapa Pesca e Aquicultura (Tocantins) e Embrapa Informática Agropecuária (Campinas).

Os trabalhos de pesquisa da Embrapa Amazônia Ocidental têm duas abordagens. Uma delas é focada no aperfeiçoamento de manejo reprodutivo, com o objetivo de aumentar a frequência do uso de reprodutores e matrizes de tambaqui. Outra linha de pesquisa â??é mais na abordagem de identificação de fatores envolvidos no processo de diferenciação sexual de tambaqui e pirarucu, ou seja, o que determina o sexo dos indivíduos nessas duas espéciesâ?, explica a pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental, Fernanda Almeda O´Sullivan, que também integra o comitê local de organização do simpósio.

Cerca de 40% dos participantes são do Brasil. Dentre os 16 cientistas que fazem palestra, apenas dois são do Brasil: Samyra Lacerda, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Ronaldo Barthem, pesquisador do Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG). Os demais palestrantes são de outros países da América, da Ásia e da Europa.

Diversidade

De acordo com o presidente do evento e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Luiz Renato de França, os peixes constituem o grupo mais diverso e abundante de vertebrados do mundo com quase 30 mil espécies, das quais 13 mil são de água doce e aproximadamente 3 mil estão na Amazônia. â??Só isso já mostra a importância do evento para a região, porque hoje grande parte dos peixes consumidos no mundo é cultivada, produzida em tanques e esse é o futuro da pisciculturaâ?, disse França. â??Então, para se chegar a um nível de produção de alta qualidade e rentável tem de fazer pesquisa; pesquisa de fertilização, sobrevivência da larva, patologias, ração e tudo mais. Esta é uma vertente que esperamos que resulte em frutos no futuroâ?, completou.

Esta é a 11ª edição do ISRPF, evento que acontece a cada quatro anos, desde a sua criação em 1977 pelo Prof. Dr. Roland Billard, na França. As edições anteriores foram na Europa, América do Norte e Ásia. Esta é a primeira edição realizada na América Latina. (Da  Embrapa Amazônia Ocidental com informações da assessoria de imprensa do ISRPF 2018)

Fala Comunidade

@diariotocantinense
@diariotocantinense2
@dtocantinense2
@diariotocantinense
Comercial
Redação
Grupo no Whatspp