A disputa pela Prefeitura de Palmas, a Capital do Estado, tem como principal pano de fundo a disputa pelo Governo do Estado e as eleições gerais de 2026. O primeiro round, que foi lutado por um lado para ser único, embora numericamente maior no resultado das urnas para Janad Valcari (PL) mostrou que Eduardo Siqueira (Pode) não perdeu o jeito com a política e muito menos está eleitoralmente morto, como chegaram a sugerir antes do primeiro turno.
Os “erros” dos institutos de pesquisa também serviram para mostrar que os eleitores não vão mais na teoria do voto útil e apontaram a sua vontade. A virada para o segundo turno obrigou a ala que mais gastou (basta consultar o DivulgaCand do TRE-TO) a reprogramar as estratégias e isso custou pontos nas primeiras pesquisas (outra hora vou falar só de pesquisas) divulgadas após o resultado do dia 6 de outubro.
Por outro lado, Eduardo e sua equipe trabalharam para ter um segundo turno e embora tenham feito adaptações para agasalhar apoios de vários lados, já entraram de sola em busca dos votos que não foram dele e que as pesquisas apontavam ser de Janad, pois vários deles (pra não dizer quase todos) apontaram vitória dela no primeiro turno.
Passado o primeiro debate do segundo turno, muita gente achou que Janad teve vantagem e que Eduardo Siqueira estava desconcentrado, afinal, o confronto cara-a-cara é diferente do confronto com vários, mesmo que o alvo escolhido seja um só.
E é exatamente depois do debate que a campanha de Janad amplificou ataques em detrimento de falar de propostas. A campanha de Eduardo seguiu o mesmo caminho, incluindo ataques ao marido da candidata. Do ponto de vista da comunicação, ele tem um nome pode levar a uma narração como uma pessoa do mal, além dos fatos noticiados envolvendo denúncias e operações policiais com ele.
Ponto fraco
Parece que o ponto fraco de Janad é mesmo a família. Primeiro, porque o assunto parece irritar ela, já que até o filho quando ainda menor já tinha sido colocado como sócio de empresas.
Por outro lado, Eduardo Siqueira também tem seus pontos fracos e um deles é a questão do Igeprev, embora ele não tenha sido condenado em nenhum processo. Mas é um ponto fraco porque envolve os servidores públicos e grande parte faz campanha contra Eduardo porque apontaram que ele seria responsável, mesmo sem ninguém ter provas cabais disso, pelo rombo de R$ 1 bilhão do instituto (outra hora vou falar do Igeprev).
Então, cada um está atacando o ponto fraco do outro e isso tira o tempo de falar sobre como cada um resolverá os problemas da cidade.
Palmas é uma cidade que cresce a olhos vistos e também para onde ninguém vê. Grandes propriedades que existiam em volta da Capital foram ou estão sendo fracionadas para dar lugar a chácaras de lazer, moradia ou pequenos negócios (ou grandes também).
Demandas não citadas
Loteamentos clandestinos e oficiais inflam o número de moradores na cidade a cada ano, gerando demandas de alto custo, como asfaltamento de ruas, iluminação pública, transporte, coleta de lixo, abastecimento de água, coleta de esgoto e tantas outras. E ninguém falou disso. Fora isso, ainda tem que ter escolas, postos de saúde, feiras e outros equipamentos urbanos necessários a uma vida digna da população.
Em breve locais como a região do Taquaruçu Grande, Assentamento São João, Região do Limpão e outras localidades serão aglomerados urbanos com grande população. A região do Santo Amaro e do Lago Norte já clama por equipamentos urbanos básicos.
Questão ambiental
Nenhuma campanha falou com clareza sobre a questão ambiental. Criação de novas reservas, colocar infraestrutura nas reservas já existentes. A questão do lixo é outra incógnita, visto que o aterro sanitário tem vida útil. Outro ponto é sobre o esgoto que jorra a céu aberto quando chove um pouco mais.
São soluções que precisam ser cobradas dos concessionários de serviços que faturam milhões dos munícipes e pouco entregam, além de não terem um plano de contingência para situações emergenciais, como foi o caso das falhas do abastecimento de água em pleno período eleitoral. De uma hora para outra os cidadãos se viram sem água pra beber e foram explorados pelos comerciantes inescrupulosos, que sequer foram incomodados pelos Procons (estadual e municipal).
As capitais em geral são sempre cidades em crescimento, mas Palmas tem uma das maiores taxas de crescimento do Brasil há muitos anos e passam as eleições e alguns problemas são resolvidos, mas outros acumulam e vão estourar uma hora ou outra. Então, é preciso que os candidatos, pelo menos na última hora, saiam de suas caixas e vejam a cidade além do que a mídia vê. Isso, porque os pontos que abordei aqui sequer foram tocados pelos candidatos a prefeito ou os eleitos à Câmara Municipal.
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