Apesar da crescente tensão entre os governos de Brasil e Venezuela, fontes diplomáticas indicam que uma ala mais radical do Partido dos Trabalhadores (PT) tem atuado para impedir que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rompa de vez com o governo de Nicolás Maduro. A decisão recente do Brasil de vetar a entrada da Venezuela nos Brics gerou uma série de protestos do governo venezuelano, que vê no Brasil um aliado essencial na América Latina. No entanto, a ala ideológica do PT, que defende a legitimidade do regime de Maduro, acredita que manter o diálogo é vital para preservar a política externa voltada à integração latino-americana.
Nos bastidores, o veto à Venezuela foi um divisor de águas no relacionamento entre os dois países. O embaixador Rubens Barbosa explica que “a postura do Brasil foi um sinal claro de reprovação aos métodos de Maduro e da falta de progresso em relação aos direitos humanos e à democracia na Venezuela.” Esse movimento surpreendeu o governo venezuelano, que não esperava tal resistência do Brasil, e intensificou o clima de desconfiança entre Lula e Maduro.
Impactos do veto e reações de Caracas
Após o veto à adesão da Venezuela aos Brics, Caracas reagiu de forma enérgica ao convocar seu embaixador em Brasília e exigir explicações do encarregado de negócios brasileiro, Breno Hermann. Para o diplomata Barbosa, esses atos são uma maneira de Maduro tentar fortalecer sua posição e preservar o apoio do Brasil. “O governo venezuelano interpreta esse veto como um afastamento estratégico do Brasil, e isso fragiliza o canal de diálogo que Lula tentou construir até então,” afirma.
Além disso, o professor de Relações Internacionais Pedro Feliú destaca que o movimento do Brasil ao vetar a entrada da Venezuela representa uma tentativa de demonstrar liderança no bloco e de pressionar por mudanças em Caracas. “O Brasil, como membro original dos Brics, exerceu seu poder para impor um custo à Venezuela, que busca proximidade com potências como Rússia e China. Com isso, Brasília sinaliza sua insatisfação com o governo Maduro.”
Crise interna e pressão diplomática
A decisão de Lula também afeta a política interna do PT, onde parte da liderança vê com bons olhos um distanciamento de regimes autoritários na América Latina. Contudo, a ala mais extrema defende que o Brasil continue apoiando Maduro para evitar a aproximação da Venezuela com países fora do bloco. Essa divisão no partido mostra o delicado equilíbrio que Lula busca manter em sua política externa, especialmente ao se aproximar de 2025, ano em que o Brasil assumirá a presidência dos Brics e sediará a cúpula de líderes do grupo.
Perspectivas para o futuro e desafios na liderança do Brics
Com a Venezuela fora do Brics, analistas acreditam que Lula enfrentará novos desafios ao tentar manter a influência brasileira no bloco sem comprometer sua imagem internacional.
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