Com apenas um ano à frente do governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas já se posiciona como um dos nomes mais fortes da direita para a disputa presidencial de 2026. Ex-ministro da Infraestrutura no governo Jair Bolsonaro, Tarcísio tem consolidado sua imagem como gestor técnico, político habilidoso e figura confiável para o setor empresarial — grupo que o vê como uma alternativa moderada e viável dentro do espectro conservador.
De perfil discreto, mas eficiente, Tarcísio transformou a visibilidade adquirida como ministro em capital político. Eleito em 2022 com mais de 13 milhões de votos, superando Fernando Haddad (PT), o governador passou a ser visto como um nome capaz de manter o legado bolsonarista, mas com discurso menos radical, o que pode ampliar seu alcance junto a eleitores de centro.
Gestão estadual e apoio do setor produtivo
No governo de São Paulo, o maior e mais influente do país, Tarcísio vem priorizando a atração de investimentos privados, parcerias público-privadas e grandes projetos de infraestrutura. Sua gestão é elogiada pelo setor produtivo, especialmente nas áreas de mobilidade, saneamento e concessões.
A confiança da elite econômica se reflete em sua participação em fóruns empresariais e na interlocução constante com investidores nacionais e estrangeiros. Em eventos como o Lide e o Fórum Econômico Brasil–Suíça, Tarcísio tem se posicionado como defensor da responsabilidade fiscal, da segurança jurídica e de um Estado mais eficiente.
Articulações e alianças políticas estratégicas
Embora filiado ao Republicanos, Tarcísio mantém portas abertas com partidos de centro-direita, como PSD, PP e União Brasil. Nos bastidores, já articula aproximações com lideranças do Centrão e com governadores de outras regiões — sinalizando que sua ambição vai além do território paulista.
Apesar de reiterar seu apoio a Jair Bolsonaro, inclusive em entrevistas recentes, fontes próximas ao governador afirmam que Tarcísio não descarta disputar a Presidência, sobretudo se o ex-presidente continuar inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nesse cenário, o governador paulista se tornaria o herdeiro natural do bolsonarismo, com mais apelo eleitoral do que outros nomes do campo conservador.
Desafios no caminho até 2026
Para viabilizar uma candidatura competitiva ao Palácio do Planalto, Tarcísio terá que enfrentar desafios estratégicos. O primeiro é ampliar sua presença fora de São Paulo, construindo uma imagem nacional. O segundo é consolidar-se como alternativa ao próprio Bolsonaro, sem romper com sua base. O terceiro, talvez mais complexo, será apresentar um projeto de país que vá além da pauta econômica e dialogue com temas sociais, ambientais e institucionais.
“Tarcísio tem o perfil que o mercado quer: técnico, confiável e pragmático. Mas precisa mostrar que também é capaz de unir uma coalizão e disputar corações e mentes além da direita”, analisa um cientista político da USP.
Além disso, o governador terá que administrar a pressão interna de aliados que o enxergam como sucessor, mesmo enquanto ele tenta manter o discurso de lealdade. Essa ambiguidade pode ser uma estratégia: manter-se elegível e atrativo tanto como vice quanto como cabeça de chapa.
Cenário eleitoral em construção
Com a inelegibilidade de Bolsonaro e a polarização com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Tarcísio aparece em pesquisas como um dos poucos nomes da direita com potencial de crescimento. Em sondagens recentes, figura com cerca de 10% das intenções de voto no primeiro turno — índice semelhante ao de nomes como Simone Tebet e Ciro Gomes em eleições anteriores.
A seu favor, Tarcísio tem a gestão do maior colégio eleitoral do país, apoio de parte do Congresso, articulação discreta, e um discurso que une mercado e eleitorado conservador. Contra ele, pesa o desafio de nacionalização e a necessidade de se diferenciar sem confrontar diretamente Bolsonaro.
Tarcísio de Freitas já não é apenas governador de São Paulo — é uma figura nacional em ascensão, com potencial de protagonismo nas eleições de 2026. Com apoio empresarial, forte base eleitoral paulista e habilidade de articulação, ele se consolida como a principal aposta da direita para o futuro político do Brasil. Resta saber se ele aceitará esse papel ou seguirá como coadjuvante estratégico em um novo projeto conservador para o país.
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