Raiva no Tocantins: homem é diagnosticado em Alvorada após contato com morcego

Um homem de 50 anos, residente de Alvorada, Tocantins, foi diagnosticado com raiva humana após ser infectado pela variante AgV 3, transmitida por morcegos. O caso foi confirmado pela Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SES-TO) e pelo Instituto Pasteur, em São Paulo, em 30 de outubro, e representa um alerta para a saúde pública na região.

Atualmente, o paciente está internado no Hospital Regional de Gurupi (HRG), sob cuidados médicos intensivos. Segundo a SES-TO, ele recebe suporte com antivirais e outros medicamentos, seguindo o protocolo de profilaxia pós-exposição estabelecido pelo Ministério da Saúde. A raiva, uma doença viral com taxa de letalidade próxima a 100%, requer tratamento imediato, especialmente quando a infecção é causada por espécies silvestres, como os morcegos.

Raiva no Tocantins: Histórico e Ações de Controle

Este é o primeiro caso de raiva humana registrado em anos no Tocantins. O último caso foi em 2017, quando uma criança em Ponte Alta do Tocantins foi infectada e faleceu após ser mordida por um morcego. A situação atual acende um alerta para a importância da prevenção e do monitoramento de zoonoses na região, especialmente em áreas rurais e de grande contato com a fauna silvestre.

Diante do caso recente, as equipes da SES-TO e da Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins (Adapec) foram a Alvorada para realizar ações de controle, coleta de amostras e monitoramento de possíveis reservatórios de raiva entre os animais. A SES-TO também informou que reforçará a vacinação antirrábica em cães e gatos na cidade, considerando que a imunização em animais domésticos é uma das principais formas de controle da doença e de proteção indireta aos humanos.

A Raiva e os Riscos da Transmissão por Morcegos

O vírus da raiva é transmitido pela saliva de animais infectados, como cães, gatos e morcegos. Nos últimos anos, os morcegos tornaram-se os principais transmissores de raiva para humanos no Brasil, substituindo os cães, que antes eram os maiores responsáveis pela infecção. Dados do Ministério da Saúde apontam que, entre 2010 e 2024, foram registrados 48 casos de raiva humana no país, dos quais 24 foram atribuídos a morcegos.

“Estamos observando um aumento nos casos de raiva humana associados a morcegos. Esses animais, especialmente os que se alimentam de sangue, podem se tornar vetores do vírus, sobretudo em áreas urbanas e rurais próximas de cavernas e áreas florestadas,” explica a infectologista Dra. Regina Lopes, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo ela, o desmatamento e a aproximação de ambientes urbanos dessas áreas de abrigo natural para os morcegos contribuem para a maior incidência de contato entre humanos e morcegos, aumentando o risco de transmissão.

Tratamento e Medidas de Prevenção

De acordo com as normas do Ministério da Saúde, o tratamento da raiva é urgente e envolve uma combinação de antivirais e imunoglobulina específica. A profilaxia pós-exposição, indicada após uma mordida ou arranhão de animais silvestres, é fundamental para impedir a progressão da doença. A SES-TO informou que o paciente em Gurupi recebe tratamento de acordo com esses protocolos, mas o prognóstico permanece reservado, dada a gravidade da infecção e o estágio de desenvolvimento da doença.

Para evitar o contágio, o Ministério da Saúde orienta que a população evite contato direto com morcegos e outros animais silvestres. Em caso de exposição ou agressão, a recomendação é lavar a área afetada com água e sabão e procurar atendimento médico para a aplicação da vacina e imunoglobulina, se necessário.

A Raiva no Brasil: Casos e Perspectivas

Os morcegos tornaram-se a principal fonte de transmissão da raiva para humanos no Brasil, superando os cães nos registros recentes. Estados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraíba também registraram casos fatais de raiva humana associados a morcegos nos últimos anos.

Segundo a Dra. Luísa Fernandes, especialista em zoonoses, a raiva é uma das doenças mais fatais e que demanda ações preventivas rigorosas. “A vacinação de animais domésticos e a conscientização sobre o risco de contato com morcegos são ações essenciais para o controle da raiva”, afirma a infectologista. Ela destaca que a imunização e a educação da população sobre os riscos são as principais formas de proteção contra a doença.

Importância da Vacinação e do Controle de Zoonoses

A vacinação antirrábica de animais domésticos é considerada uma estratégia fundamental para evitar a disseminação da raiva em áreas urbanas e rurais. Em Tocantins, a SES-TO organiza campanhas anuais de vacinação em várias cidades, incluindo Alvorada, com o objetivo de imunizar o maior número possível de cães e gatos.

Além disso, o monitoramento de populações de morcegos em áreas próximas a centros urbanos e o controle de zoonoses em animais de criação são ações que fazem parte das estratégias de prevenção recomendadas pela Adapec e pelo Ministério da Saúde. Para moradores de áreas rurais ou próximas a habitats de morcegos, o uso de telas de proteção e a manutenção de um ambiente seguro, que evite o acesso de morcegos ao interior das casas, são medidas recomendadas.

Conscientização e Educação sobre a Raiva

A raiva é uma doença antiga e conhecida, mas a conscientização sobre seus riscos e formas de prevenção ainda é um desafio. O aumento dos casos transmitidos por morcegos nos últimos anos reforça a necessidade de campanhas educativas e de orientação à população sobre como evitar o contato com animais silvestres e o que fazer em caso de exposição.

Para o epidemiologista Carlos Mendes, coordenador de zoonoses da SES-TO, “a prevenção da raiva depende muito da informação e do conhecimento da população sobre os riscos. Ações preventivas e o apoio das autoridades de saúde são fundamentais para evitar que mais casos sejam registrados no estado e em outras regiões do país.” Mendes afirma que, em áreas rurais, as práticas de segurança são cruciais para impedir a proliferação da doença, especialmente em locais onde morcegos circulam livremente.

O caso de raiva humana confirmado em Alvorada, Tocantins, serve como alerta para a necessidade de vigilância e prevenção contínuas. A raiva é uma das doenças infecciosas mais letais, com altas taxas de mortalidade, e a transmissão por morcegos exige cuidados específicos.

No Tocantins, a intensificação da vacinação de animais, o monitoramento de zoonoses e a conscientização da população são as principais ações para evitar novos casos. A educação sobre a importância da prevenção e da imunização é uma ferramenta essencial na proteção da saúde pública e no combate à raiva.

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